Endocrinologista alerta para os riscos do anabolizante que virou febre nas academias de Goiânia

Substância ganhou força na capital por ser uma alternativa para melhorar a performance dos atletas durante o treino

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Medicamento Oxandrolona
Oxandrolona. (Foto: Tuca Vieira/ Folhapress)

Com a promessa de ganho de massa muscular, definição corporal e queima de gordura, o uso do anabolizante oxandrolona tem se popularizado entre os goianienses que procuram manter a boa forma física em um curto período de tempo.

Seja por meio de comprimidos ou injeções , o medicamento ganhou força na capital por ser uma alternativa para melhorar a performance dos atletas durante o treino. No entanto, o uso para tal finalidade representa um desvio na função original da substância e pode ser um risco para os usuários.

Em entrevista ao Portal 6, o médico endocrinologista Guilherme Borges explica que o oxandrolona é um esteroide androgênico sintético oral – com ação semelhante ao hormônio testosterona – que é usado para tratar pacientes com perda muscular crítica, câncer, HIV, desnutrição e doenças neurodegenerativas.

De acordo com ele, uma vez ingerido ou aplicado, o medicamento permanece na corrente sanguínea por meses devido à dificuldade de degradação da substância no fígado. Segundo o profissional, alguns dos efeitos colaterais mais comuns são oleosidade de pele, acne, queda de cabelo e anabolismo (aumento de massa muscular).

Nas mulheres, as consequências do remédio podem ser ainda mais intensas, a depender da dosagem e da quantidade de tempo utilizado pela pessoa.

“Os maiores receios são em relação à ‘masculinização’ em mulheres e aumento de risco cardiovascular com aumento de risco de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), AVC, tromboses e outros eventos cardiovasculares. Efeitos como piora de perfil lipídico, aumento das enzimas do fígado, engrossamento de voz e aumento de clitóris em mulheres podem ocorrer. Os últimos efeitos em mulheres são considerados irreversíveis”, explicou.

A secretária Idaiane Cavalcante, de 45 anos, é uma das goianas que se rendeu ao medicamento devido aos efeitos ‘milagrosos’ prometidos por ele.

Há dois meses, em meados de abril, ela contou que passou a utilizar o esteroide, no formato de pílulas, após ser recomendada por alguns amigos sobre a evolução causada pela substância na performance física. No entanto, a expectativa de evoluir esteticamente se transformou em desespero.

“Tomei ele em comprimido por 2 meses. Não deu certo. Começou a atacar meus rins, fiz xixi até com sangue. Daí tive que parar de tomar. Esse negócio de ouvir conversa dos outros nunca dá certo”, disse.

Assim, ela conta que resolveu procurar atendimento médico e passou a utilizar o oxandrolona, juntamente com a testosterona. Desde então, ela afirma que o resultado tem sido ótimo e que tem sentido algumas diferenças positivas no corpo.

“Já ganhei massa muscular e estou perdendo gordura com um pouco mais de facilidade. A pele ficou um pouco mais oleosa e o cabelo também, mas o implante não tem tanto efeito colateral. Por enquanto, está sendo ótimo”, destacou.

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