Homem admite que provocou incêndio fatal em estúdio de animação no Japão

36 pessoas morreram e outras 32 ficaram feridas no incidente, que ocorreu em 2019

Folhapress Folhapress -
Shinji Aoba, de 45 anos, admitiu ter incendiado estúdio de animação japonês. (Montagem: Reprodução/YouTube)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem admitiu que provocou o incêndio nos estúdios da Kyoto Animation, no Japão, em 2019.

O caso gerou forte comoção à época devido à morte de 36 pessoas – outras 32 ficaram feridas.

Shinji Aoba, 45, começou a ser julgado nesta terça-feira (5) e responde a cinco acusações: assassinato, tentativa de assassinato, incêndio criminoso, violação de propriedade e violação da lei de controle de armas.

Testemunhas relataram que o homem levou um carrinho com gasolina até o estúdio de animação. Ele espalhou combustível pela área, gritou “morram” e ateou fogo.

“Está correto. Eu provoquei [o incêndio]”, disse Aoba em um tribunal de Kioto, segundo a agência Jiji Press. “Não pensei que tantas pessoas morreriam e acho que fui longe demais”, acrescentou.

Os advogados do acusado alegam que o homem tem problemas psiquiátricos. Em dezembro de 2020, porém, Aoba foi indiciado oficialmente após ter sido declarado “mentalmente apto” para ser julgado.

Quatro anos após o crime, as motivações continuam desconhecidas. As testemunhas também disseram que o Aoba gritou ter sido sido vítima de plágio no momento do ataque, o que nunca foi comprovado.

Investigadores não encontraram nenhuma conexão entre o homem e o estúdio Kyoto Animation.

Aoba quase morreu devido às queimaduras provocadas pelo incêndio e passou várias semanas em coma no hospital.

O homem teve mais de 90% do corpo queimado e passou por 12 cirurgias, segundo o médico que o atendeu. Ele também precisou de uma intervenção para recuperar a fala.

Criado em 1981, o estúdio é conhecido como KyoAmi e produz séries de sucesso para a TV, principalmente animes, como “Violet Evergarden”, disponível na Netflix.

Após o ataque, uma campanha na internet iniciada por fãs ultrapassou a meta de US$ 750 mil (R$ 2,8 milhões), em apenas 16 horas, para recuperação do estabelecimento.

No Japão, atear fogo a uma propriedade deliberadamente pode levar à pena de morte.

O último ataque de grandes proporções do tipo havia sido em 2001, quando um incêndio provocado em um clube de mahjong (um jogo de tabuleiro) em Tóquio deixou mais de 40 mortos.

O país possui um dos menores índices de crimes violentos entre os países desenvolvidos, mas alguns casos recentes tiveram repercussão internacional.

Em julho do ano passado, o ex-premiê Shinzo Abe foi assassinado a tiros enquanto discursava num ato de campanha eleitoral na cidade de Nara.

Já em abril deste ano, o atual primeiro-ministro, Fumio Kishida, teve de ser retirado às pressas após a explosão do que pareceu ser uma bomba de fumaça durante um comício no oeste do país. Na ocasião, ninguém ficou ferido, e o suspeito foi detido.

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