Pastores de Anápolis podem pegar pena milenar por torturas em ‘campos de concentração’

Ao Portal 6, delegado explicou que casal já foi indiciado juntamente com funcionários que auxiliavam nos crimes

Samuel Leão Samuel Leão -
Pastor Klaus Júnior e a esposa Suelen Klaus. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Polícia Civil (PC) indiciou os pastores Angelo Mário Klaus e Suélen Amaral Klaus pelos crimes de tortura, sequestro e cárcere privado contra as 73 vítimas que estavam internadas nas duas clínicas clandestinas mantidas por eles – comparadas a ‘campos de concentração’ pelo delegado responsável pela operação, Manoel Vanderic.

Nesta sexta-feira (15), o Portal 6 conversou com o delegado lotado no Grupo Especial de Investigações Criminais (GEIC), Jorge Bezerra – que responde pelo caso no momento. Ele explicou como se deu a decisão e quais serão os próximos passos do episódio que marcou Anápolis e ganhou repercussão em todo o Brasil.

“Como o ato foi sob a investigação do Manoel Vanderic, ele entendeu que havia elementos suficientes para corroborar a prática desses crimes específicos. Portanto, eles foram indiciados com incurso nos crimes de cárcere privado e qualificado, uma vez que mantinham as vítimas idosas em ambientes insalubres, e por tortura”, detalhou.

Além deles, outros quatro funcionários, que não eram responsáveis pelas clínicas, mas tomavam parte nos atos de agressões e tortura aos pacientes, também foram indiciados e seguem em prisão preventiva.

“O pastor Angelo segue preso na cadeia pública de Anápolis e a pastora Suelen no centro prisional de Aparecida de Goiânia. Eles praticaram esses dois crimes, cujas penas são de 16 anos, mas como são diversas vítimas, o Ministério Público (MP) e o Poder Judiciário irão verificar se haverá algum concurso de crime”, complementou o delegado.

O investigador ainda apontou que, se o juiz entender cada vítima como um crime individual, eles podem pegar 16 anos por cada pessoa que eles torturaram, o que resultaria em uma pena de 1.168 anos.

Contudo, se houver o chamado “crime em concurso” – que seria uma ação contra várias vítimas – a pena partirá do mesmo prazo, porém, com uma cláusula de aumento, acordada entre promotor e magistrado.

Relembre

A descoberta das clínicas chocou todo o país pelas cenas deploráveis de idosos, pessoas com deficiência e dependentes químicos vivendo amarrados às camas, urinando em potes e nas próprias roupas, necessitando de cuidados médicos e alimentação adequada.

Ao todo, mais de 70 pessoas que estavam em cárcere privado foram resgatadas de casas geridas pela instituição, chamada Amparo Centro Terapêutico.

O primeiro flagrante aconteceu no dia 29 de agosto, seguido por outro considerado ainda “mais grave”, pelo próprio Vanderic – no dia 31. Em um primeiro momento, o pastor Klaus chegou a fugir.

A esposa dele, pastora Suelen Klaus, porém, foi presa juntamente com outros quatro funcionários que geriam os espaços. Já o pastor se apresentou às autoridades no último sábado (02) e, durante depoimento na delegacia, permaneceu calado.

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