Pastor que ‘incorporava anjos’ para abusar de fiéis em Anápolis é denunciado por mais uma vítima

Ela buscou ajuda logo após descobrir que outras mulheres haviam vivido situações semelhantes

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Vanderlei Antônio de Oliveira, líder da Assembleia de Deus Ministério Bola de Fogo, está sendo investigado pela Polícia Civil (PC). (Foto: Reprodução)

Mais uma vítima do pastor anapolino Vanderlei Antônio de Oliveira se manifestou após as primeiras denúncias de assédio sexual, registradas no início de outubro. A mulher, de 52 anos, chegou a desenvolver sintomas de síndrome do pânico por causa dos abusos cometidos e solicitou uma medida protetiva contra o homem.

A vítima teve o primeiro contato com a Assembleia de Deus Bola de Fogo em 2021, à convite da filha, que já congregava na igreja. Localizada no Jardim das Américas, em Anápolis, o local era comandado pelo pastor, que acumulou diversos seguidores fervorosos.

Assim, a mulher assistiu a alguns cultos até que, um dia, Vanderlei orou por ela, segurando e balançando a cabeça dela até que caísse. Segundo a mãe, é comum ter obreiros que segurem os fiéis para que não caiam, posição ocupada por mulheres, normalmente. Contudo, na Bola de Fogo, os auxiliadores eram majoritariamente homens.

Ao final da oração, o pastor pediu o contato da mulher, dizendo que seria necessário uma campanha urgente sobre a vida sentimental dela. Então, pouco tempo depois, ela recebeu o pedido para iniciar a campanha na própria casa. Na ocasião, Vanderlei adiantou que seria “diferente de outras igrejas”.

Passados alguns dias, a vítima recebeu o pastor na casa, sem ele saber que a neta, de 17 anos, estava presente. No local, ele afirmou incorporar o “anjo da guerra” e tentou fazer sexo com a mulher. Porém, ela se negou e, diante da frustração do homem, tentou o afastar apontando que a neta estava presente, momento em que ele ficou furioso por acreditar que ela estava sozinha.

Por conta desse primeiro contato, ela afirmou que só continuaria a campanha na presença de outras pessoas. Logo, menos de uma semana depois, o pastor marcou uma visita na própria casa, com a presença da neta da vítima e da esposa, conhecida como Lourdinha.

Ambas as convidadas ficaram na sala enquanto a mulher foi conduzida a um quarto, cuja porta foi fechada, fazendo com que ela ficasse sozinha com o homem. Longe das testemunhas, o pastor afirmou que incorporou o namorado da vítima e começou a passar as mãos sobre o corpo dela, incluindo as partes íntimas.

Ao tentar afastar Vanderlei, ela relata que foi jogada sobre a cama e, ao abrir os olhos, viu que o pastor estava gravando o momento com o celular. Ao questioná-lo, ele negou.

Como forma de induzir ou camuflar o ato, o suspeito disse à fiel que em momento algum era ele que estava tocando nela e sim o namorado. Segundo ele, ao recobrar a consciência, não se lembrava de nada que havia feito, história confirmada pela esposa.

Posteriormente, outras visitas foram marcadas, ainda com a presença de Lourdinha, em que ele supostamente incorporou anjos, dizendo que a mãe teria uma “dívida a ser paga com Zé Pelintra”.

Houve ainda uma ocasião em que ela foi gravada em estado vulnerável durante uma oração, deitada sobre o sofá com os seios quase à mostra. Segundo o homem, ele estava “expulsando o demônio” enquanto gravava.

Depois disso, o pastor seguiu enviando mensagens de orações todos os dias, o que motivou a mulher a responder que iria encerrar a campanha por não aceitar ser tocada. Como resposta, Vanderlei pediu que ela apagasse a mensagem, que “complicaria ele”, reforçando que  “não se lembrava’ do que acontecia durante as campanhas.

Além disso, a vítima relata que foi ameaçada diante da recusa de continuar com as visitas, ouvindo do pastor que a vida dela iria “desgraçar mais ainda” e que “o Zé Pelintra iria tomar tudo dela”.

Com isso, a mãe passou a ter sintomas de síndrome do pânico. Desse modo, a mulher não expôs o assédio porque achou que não iriam acreditar nela, já que o pastor possui muitos seguidores.

Aos fiéis, ele se intitula “caçador de demônios”, costuma usar uma capa preta e uma arma de artes marciais, fazendo malabarismos com o objeto, o que era compartilhado nas redes sociais.

Essa é, pelo menos, a quarta vítima que se manifestou, tendo procurado as autoridades após as primeiras denúncias. A Polícia Civil (PC) investiga o caso, juntamente com os demais.

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