Luziânia completa 277 anos e coleciona feitos históricos de relevância nacional

Foi na cidade, por exemplo, que ocorreu a última pena de morte de todo o país

Samuel Leão Samuel Leão -
Luziânia completa 277 anos. (Foto: Divulgação)

Entre as mais antigas cidades de Goiás, Luziânia completa, nesta quarta-feira (13), impressionantes 277 anos.

Mesmo com tanta história, o município goiano, situado no entorno de Brasília, ainda guarda curiosidades desconhecidas por grande parte da população.

Uma solenidade ocorre já nesta terça-feira (12), às 17h30, no Ginásio de Esportes José de Araújo Leite, no Centro da cidade. O evento contará com a participação de autoridades, como o próprio governador Ronaldo Caiado (UB).

Início

Fundada em 1746, a cidade teve o aniversário marcado para o dia 13 devido à fixação da residência do fundador, Antônio Bueno de Azevedo, um paulista que trazia consigo diversos amigos e escravos. Ele vinha da Paracatu (MG) e se fixou às margens de um rio, que nomeou de São Bartolomeu em homenagem ao santo do dia.

À época, o povoado foi batizado de Santa Luzia em homenagem à padroeira, e tinha como força motriz a mineração de ouro. A força das extrações era tanto que, em pouco tempo, já haviam 10 mil habitantes ali.

Cidades filhas

Sendo a cidade com maior idade na região do Entorno do Distrito Federal, Luziânia ainda teve diversos desmembramentos ao longo da história. O primeiro foi Cristalina, antes chamada de São Sebastião dos Cristais, tornado município em 1916.

Em seguida, no ano de 1963, a cidade de Padre Bernardo também se desgarrou e tornou-se emancipada. Na sequência, foi a vez de Santo Antônio do Descoberto, já em 1982.

Mais duas cidades ainda surgiram da antiga Santa Luzia. Em 1991, ocorreu a separação da Cidade Ocidental e, por fim, surgiu também o Novo Gama, em 1995.

Patrimônio Histórico

Marmelada de Santa Luzia. (Foto: Reprodução/O Popular)

Conhecida não só no estado mas também em todo o Brasil, a Marmelada de Santa Luzia remonta aos primórdios da cidade. A tradição foi trazida pelos escravizados, de modo que compõe as práticas culturais daqueles que fugiram e se estabeleceram na região.

Feito com a polpa da fruta marmelo e embalada em pequenos caixotes de madeira, o produto se tornou uma iguaria regional e foi até reconhecido Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), em 2022, como patrimônio cultural material de Goiás.

Personalidade

Fazendinha JK, local onde o ex-presidente Juscelino Kubitschek teria passado os últimos dias de vida. (Foto: Reprodução)

O então presidente da República, Juscelino Kubitschek, nascido em Diamantina (MG), também fez história na cidade goiana. Ele foi proprietário de uma fazenda em Luziânia, chamada de Fazendinha JK, onde estão conservadas relíquias e o patrimônio histórico da época.

Dentre elas uma capela projetada por Oscar Niemeyer. Segundo dados históricos, o político ainda teria passado os últimos dias de vida no local.

Turismo

Igreja Nossa Senhora do Rosário. (Foto: IPHAN)

Dentre os principais atrativos dispostos pelo município, que atraem visitantes de várias regiões de Goiás, destaca-se a Igreja Nossa Senhora do Rosário, matriz local restaurada pelo Instito de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2011, e os casarões da Rua do Rosário. Também há o Morro da Canastra e o Palácio das Andorinhas.

Outros pontos interessantes são a Cachoeira de Saia Velha, a deslumbrante Serra dos Angicos, o Canal do Rio Corumbá e o grande Lago da usina Corumbá IV, importante reservatório de água da região que gera energia para abastecer diversas cidades.

Usina de Luziânia. (Foto: Reprodução)

Fato notável

Segundo registros, a última pena de morte cumprida pela Lei brasileira teria ocorrido em Luziânia, no dia 3o de outubro de 1861. Um lavrador, que tinha um caso com a esposa de um barão, teria montado um plano para matar o rival e fugir com a pretendida.

Entretanto, após cometer o homicídio, eles foram descobertos e passaram por quatro anos de julgamento. Ao final do período, a mulher, chamada Maria, teve a pena abrandada, já João foi condenado à forca.

Antes da execução, ele cavou a própria cova na frente da população, sendo enterrado dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário, onde também eram depositados os escravos falecidos. Como ele era um homem livre, especula-se que tal escolha de local seria também uma forma de punição.

Questão racial

Muito povoada por escravos, Luziânia teve a igreja matriz construída por volta de 1767. Entretanto, o local era de uso exclusivo dos brancos, seguindo ainda uma lógica local de apartheid.

No entanto, dois anos depois, em 1769, foi construída a Igreja do Rosário que, diferente da matriz, até os dias atuais mantém a estrutura original e era acessada exclusivamente pela população negra. A construção fica no ponto mais alto da chamada Rua do Rosário.

Atualmente

Vista aérea de Luziânia. (Foto: Divulgação)

Apontada como quinto município mais populoso, a cidade também consta como a quinta maior economia de Goiás, com grandes produções agroindustriais. Dentre os destaques, estão as lavouras de feijão, soja, milho e também a criação de gado.

Em 2019, teve a população estimada em 208.299 mil habitantes, segundo dados do Instituto Mauro Borges, além de possuir 3.961,099 km de extensão territorial.

Muitos moradores se deslocam da cidade para o Distrito Federal, onde desempenham atividades educacionais, em todos os níveis do ensino, ou buscam trabalho.

O Distrito Federal tem uma importância fundamental, pois, pela proximidade, cerca de 30 mil habitantes de Luziânia se deslocam-se, diariamente, com o objetivo de realizar tarefas educacionais (seja ensino tradicional, superior ou técnico) e em busca de trabalho.

Esse número representa 16,3% da população que realiza esse movimento e faz com que a cidade goiana seja uma região “dormitória”.

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