Quantidade assustadora de crianças e adolescentes obesos acende alerta em Goiás

Estado já passou da média nacional de sobrepeso infantojuvenil e especialista de Anápolis explica como pais podem ajudar

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Quase 20% dos adolescentes goianos são obesos (Foto: Reprodução / Freepik)

Em Goiás, os números referentes à obesidade entre crianças e adolescentes têm preocupado não só os pais como também os profissionais da saúde.

De acordo com levantamento do Ministério de Saúde, por meio do Sistema Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), em 2023, 22.591 crianças de 5 a 10 anos foram registradas acima do peso, o que equivale a 12,75%. A estatística é maior que os valores apresentados em todo o Centro-Oeste (12,15%) e no Brasil (12,14%).

Quanto aos adolescentes, foram 42.229 (18.66%) que registraram peso acima do indicado, 23.963 (10.59%) com obesidade e 6.548 (2.89%) com obesidade grave.

“As taxas de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência é algo que tem preocupado bastante porque, além de aumentar o risco de doenças clínicas como hipertensão, diabetes, e até mesmo de um infarto, tem consequências muito importantes para a saúde mental”, destacou a psiquiatra especialista em transtornos alimentares, Mayara Macedo, ao Portal 6.

De acordo com a médica, quadros como depressão e ansiedade não só podem causar os problemas na alimentação, como também serem desencadeados por estes.

“A gente sabe que a autoestima é desenvolvida desde a infância e a criança que começa a ganhar peso sofre com bullying. Ela se sente insegura e isso se agrava muito na adolescência”, explicou.

Como consequência, as questões de auto estima e os quadros de depressão e ansiedade podem acompanhar a criança até a fase adulta, quando uma gama de transtornos pode se desenvolver.

“Além de ter excesso de peso e sofrer com isso, se ela perder o peso, ela pode ter um medo tão grande de ganhar tudo de novo que acaba desenvolvendo transtornos alimentares como bulimia ou anorexia”, detalha Mayara.

Ação dos pais

Para evitar que a criança ou adolescente sofra as consequências tanto físicas quanto psíquicas do sobrepeso e obesidade, a psiquiatra ressalta que é importante liderar como o próprio exemplo.

“A rotina da casa influencia muito, então se é uma casa que tem muitos produtos ultraprocessados, como salgadinhos e refrigerantes, falta de atividade física, existe uma chance muito maior da criança ganhar peso”, disse.

Caso os pais notem hábitos alimentares que apontam para o sobrepeso, a especialista reforça que os responsáveis não devem fazer comentários sobre.

“Se ela está mais gordinha, é preciso incentivar ela a perder peso, mas sem ficar falando que ela está gordinha. Se é uma criança mais magrinha, não ficar falando que ela precisa ganhar peso e nem ficar incentivando a comer demais também, porque os impactos que isso tem lá na vida adulta são muito grandes”.

Ao invés dos comentários que podem ser maliciosos a longo prazo, Mayara explica que é preciso já buscar ajuda profissional, seja de pediatra ou psicólogo, para compreender o que pode estar causando as alterações no peso.

Além disso, os pais devem mudar os hábitos da casa como um todo para exemplificar uma rotina mais balanceada. Há também vários profissionais de nutrição que atuam exclusivamente com crianças e adolescentes.

“É muito importante para a criança ver esse exemplo, funciona muito mais que os pais estarem falando para a criança”, finalizou.

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