Equador prende suspeitos de assassinar promotor que investigava invasão à TV

César Suárez foi morto a tiros às 13h33 desta quarta-feira (15h33 no horário de Brasília), a caminho de uma audiência judicial

Folhapress Folhapress -
(Foto: drd.com / Divulgação Facebook)

JÚLIA BARBON

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A polícia do Equador prendeu nesta quinta (18) dois homens suspeitos de envolvimento no assassinato do promotor que investigava a invasão de um canal de TV ao vivo por criminosos no último dia 9, quando uma série de ataques por organizações criminosas inaugurou uma nova crise de segurança no país.

César Suárez foi morto a tiros às 13h33 desta quarta-feira (15h33 no horário de Brasília), a caminho de uma audiência judicial. Ele dirigia na avenida do Bombeiro, no norte da cidade portuária de Guayaquil, no momento em que homens dispararam contra o carro.

O veículo terminou com 18 marcas de tiro, 12 de arma longa e 6 de arma curta —o que não significa 18 tiros, porque parte dessas marcas pode ser de um mesmo projétil. Outros dois suspeitos seguem foragidos.

Em entrevista coletiva nesta quinta, a Polícia Nacional equatoriana detalhou que o promotor primeiro fez um trajeto de cinco minutos entre o prédio da Polícia Judicial, o equivalente à Polícia Civil no Brasil, e sua residência. Como era uma viagem curta, dispensou escolta.

Minutos depois, ele saiu novamente para ir à audiência, quando foi surpreendido por uma caminhonete com três pessoas. Segundo a corporação, o motorista vestia um casaco verde fosforescente usado por guardas de trânsito locais. O passageiro levava uma arma curta e o homem de trás, uma arma longa.

O promotor atuava no braço do Ministério Público especializado em crime organizado e ficava baseado em Guayaquil, maior cidade do país. Ele era responsável, portanto, por investigar diversos crimes de grande repercussão.

Ele havia sido designado para apurar qual dos diversos grupos criminosos que atuam no país esteve por trás da invasão das instalações do canal TC no último dia 9. O governo designou 22 desses grupos como “organizações terroristas” na última semana.

O ataque ao canal de televisão foi o estopim que levou o presidente equatoriano, Daniel Noboa, a decretar estado de “conflito armado interno” no país, que vive uma onda de violência relacionada ao narcotráfico.

Segundo o Ministério Público, a direção-geral de inteligência da Polícia Nacional era responsável pela segurança do promotor, que pouco antes de ser assassinado teria dispensado o acompanhamento da escolta armada porque faria uma audiência por videochamada.

“Um dos princípios do sistema de proteção de vítimas e testemunhas é a voluntariedade”, disse o Ministério Público em nota.

O comandante da polícia, general César Zapata, limitou-se a dizer que os suspeitos foram presos após “procedimentos investigativos que permitiram identificar a suposta participação” no assassinato.

A polícia não divulgou a identidade deles nem a facção da qual fariam parte. Nas operações de buscas, os agentes disseram ter apreendido uma espingarda, duas pistolas, carregadores e dois veículos.

A invasão do canal TC por homens encapuzados que apontaram armas para os funcionários, inclusive o apresentador que falava ao vivo para os telespectadores, terminou com a polícia ingressando no local e prendendo mais de dez homens.

O episódio ocorreu apenas dois dias depois de Fito, o chefe da facção Los Choneros, fugir da Penitenciária Regional, em Guayaquil. Ele é considerado um dos nomes mais poderosos do narcotráfico no Equador e estava prestes a ser transferido para uma prisão de segurança máxima quando escapou.

Pouco depois, outros casos de violência se disseminaram pelo país, como o sequestro de mais de 170 funcionários penitenciários, desde agentes de segurança, passando por pessoal administrativo até auxiliares de cozinha, por detentos de diversas cadeias do país. Os reféns foram liberados no último domingo (14).

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