Israel ataca campo de deslocados em Khan Yunis visando a alto comandante do Hamas

Autoridades de Gaza afirmam que dezenas de pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas

Folhapress Folhapress -
Dezenas de pessoas foram mortas após bombardeio de Israel contra campo de deslocamento, na Faixa de Gaza. (Foto: Reprodução/ YouTube)
Dezenas de pessoas foram mortas após bombardeio de Israel contra campo de deslocamento, na Faixa de Gaza. (Foto: Reprodução/ YouTube)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel lançou um ataque em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, no sábado (13), que visava atingir um comandante militar de alto escalão do Hamas, Mohammed Deif, de acordo Tel Aviv. As autoridades de Gaza afirmam que dezenas de pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas.

Não estava claro se Deif foi morto. A Rádio do Exército disse que ele estava se escondendo em um prédio em Al-Mawasi, na zona humanitária designada por Israel, a oeste de Khan Yunis.

Deif foi um dos mentores do ataque do Hamas em 7 de outubro contra Israel que desencadeou a guerra em Gaza. Ele sobreviveu a sete tentativas de assassinato israelenses, a mais recente em 2021, e lidera a lista de mais procurados de Tel Aviv há décadas.

Ele é o líder das Brigadas Qassam, a ala militar do Hamas, e é o segundo membro mais graduado do grupo terrorista em Gaza, depois de seu líder no território, Yahya Sinwar.

Dois oficiais israelenses disseram ao New York Times que Deif foi alvejado enquanto estava na superfície, após deixar a rede de túneis do grupo que se estende sob o território. O jornal americano, que conversou ao todo com três oficiais em condição de anonimato, informou que todos afirmaram que o líder estava com Rafah Salameh, o principal comandante do Hamas em Khan Younis, no momento do ataque.

O Hamas emitiu um comunicado dizendo que as “alegações de Israel sobre o direcionamento de líderes são falsas” e são “apenas para encobrir a escala do massacre horrível” em uma área “lotada com mais de 80 mil pessoas deslocadas.”

O ataque atingiu Al-Mawasi, uma faixa de terra costeira perto do mar Mediterrâneo, aquela que Israel designou como uma zona humanitária.

“Ainda há muitos corpos de mártires espalhados pelas ruas, sob os escombros e ao redor das tendas dos deslocados aos quais não se pode acessar devido aos intensos bombardeios da ocupação”, disse Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, que falou de um “novo massacre”.

O ministério da saúde de Gaza, ligado ao grupo terrorista Hamas, disse que pelo menos 71 palestinos foram mortos no ataque e 289 ficaram feridos. As informações não puderam ser verificadas de forma independente.

O Crescente Vermelho afirmou que suas equipes atenderam 102 pessoas feridas e recolheram 23 corpos. Desse total, 70 feridos e 21 corpos foram transferidos para o Hospital de Campanha al-Quds e 22 para o Hospital al-Amal, em Khan Younis.

Questionado pela AFP, o Exército israelense respondeu que estava examinando essas informações.

As vítimas foram levadas para vários hospitais da região. No de Rafah, o diretor Suhaib al Hams indicou que a maioria das vítimas tinha ferimentos graves, incluindo amputações.

O responsável sanitário qualificou a situação de “verdadeiro desastre que ocorre em pleno colapso do sistema de saúde”, segundo comunicado.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, estava realizando consultas especiais, disse seu escritório, diante dos “desenvolvimentos em Gaza”. Não estava claro como o ataque afetaria as negociações de cessar-fogo em andamento em Doha e Cairo.

Um alto funcionário do Hamas não confirmou se Deif estava entre os mortos ou feridos e chamou as alegações israelenses de “nonsense”.

“Todos os mártires são civis e o que aconteceu foi uma grave escalada na guerra de genocídio, apoiada pelo apoio americano e pelo silêncio mundial”, disse Abu Zuhri à Reuters, acrescentando que o ataque mostrou que Israel não estava interessado em chegar a um acordo de cessar-fogo.

As autoridades de Gaza disseram que um segundo ataque menor atingiu o centro de Khan Younis, uma cidade próxima.

Na última semana, em um período de quatro dias, vários bombardeios atingiram escolas que abrigavam deslocados, causando pelo menos 49 mortos, segundo fontes em Gaza, incluindo o Hamas. Israel afirmou que visava alvos “terroristas”.

ATAQUE SURPREENDE

Imagens da Reuters do sábado mostraram ambulâncias correndo em direção à área em meio a nuvens de fumaça e poeira. Pessoas deslocadas, incluindo mulheres e crianças, estavam fugindo em pânico, algumas segurando pertences nas mãos.

Testemunhas disseram que o ataque foi uma surpresa, pois a área estava calma, acrescentando que mais de um míssil foi disparado. Alguns dos feridos, que estavam sendo evacuados, eram trabalhadores de resgate.

“Todos se foram, toda a minha família se foi… onde estão meus irmãos? Todos se foram, todos se foram. Não sobrou ninguém”, disse uma mulher chorando, sem revelar seu nome. “Nossas crianças estão em pedaços, estão em pedaços”, acrescentou.

Subindo nas fileiras do Hamas ao longo de 30 anos, Deif desenvolveu a rede de túneis do grupo e sua expertise em fabricação de bombas. Ele é responsável pela morte de dezenas de israelenses em atentados suicidas.

Militantes liderados pelo Hamas mataram 1.200 pessoas e fizeram mais de 250 reféns em um ataque ao sul de Israel em 7 de outubro do ano passado, de acordo com contagens israelenses.

Israel retaliou com ação militar em Gaza que matou mais de 38 mil palestinos, afirmam autoridades médicas em Gaza.

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