6 figuras icônicas nascidas em Goiás e conhecidas em todo o Brasil

Muitas pessoas passaram pelo estado décadas e até séculos atrás, mas suas memórias não são tão lembradas como deveriam ser

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
(Foto: Arquivo Pessoal/ Anna Júlia Steckelberg)

5 de novembro de 2021 ficou conhecida como a data que parou o Brasil. Só se falava de uma única coisa: a morte de Marília Mendonça. Cumprindo sua agenda de shows e sobrevoando Minas Gerais, o avião onde a cantora e sua equipe estavam caiu em um curso d’água. Além dela, o tio, produtor e assessor também não resistiram.

Marília Mendonça foi uma das grandes responsáveis por abrir espaço para as mulheres em um meio artístico dominado por homens. Até então, quando se pensava em mulher no sertanejo, só vinha à mente Roberta Miranda e (um pouco) Paula Fernandes. Mas com a “Rainha da Sofrência” foi diferente.

Em 2016, a cantora lançou um álbum com a Som Livre e dezenas de milhares de mulheres se identificaram com “Infiel” e “Alô Porteiro”. Marília soltou a voz para falar da mulher que ama, da amante e da que trai também, temas que antes só se ouviam sobre homens cachaceiros, mulherengos e que estão sempre por cima quando traem suas parceiras.

Marília Mendonça, goiana raiz de Cristianópolis, revolucionou a história da música brasileira e, em Goiás, é uma das figuras mais emblemáticas do século XXI. Poderíamos continuar falando dela, mas, hoje, daremos espaço a outras figuras cujas memórias não são tão lembradas como deveriam ser.

6 figuras icônicas nascidas em Goiás e conhecidas em todo o Brasil:

1. Benedita Cipriano Gomes

(Foto: Arquivo Pessoal / Anna Júlia Steckelber)

Benedita Cipriano Gomes, mais conhecida como Santa Dica, nasceu em 1905, em uma fazenda a 43 km de Pirenópolis. Desde criança, Dica possuía uma aura diferente das demais crianças, com sensitividade e premonições incomuns.

A partir de sua adolescência, Dica começou a atrair centenas de pessoas que buscavam seus conselhos e milagres. Foi aí que ela fundou um povoado em volta de sua fazenda, hoje conhecido como Lagolândia.

Dica se viu na obrigação de organizar socialmente o local, e assim nasceu sua força política, que ganhou espaço por todo o estado de Goiás. Ela ergueu um exército, viajou, casou-se, deu à luz, foi exilada no Rio de Janeiro e participou da Revolução de 1932.

Santa Dica mudou a história de Goiás e faleceu na década de 1970, vítima de doença de Chagas.

2. Damiana da Cunha

(Foto: Reprodução)

Dentre outras mulheres históricas, temos a índia Damiana da Cunha. Nascida em 1779, a pequena indígena foi entregue para ser criada pelo governador da província de Goiás, Luís da Cunha Meneses. A partir daí, a história dela mudou completamente.

Damiana tornou-se objeto de diversos estudos por ser uma mulher indígena que fugiu dos estereótipos de submissão e isolamento. Ela viveu na época do genocídio indígena em Goiás e desempenhou um papel importante e ambíguo: ao mesmo tempo que ajudou a trazer seu povo para aldeamentos indígenas, quando as mortes começaram, tomou consciência da situação e não aceitou.

Damiana da Cunha foi mediadora dos conflitos entre brancos e índios e respeitada pelas lideranças. Ela foi chefe de expedições e chegou a receber a condecoração de capitã-mor por seus serviços.

3. Dirce Machado

(Foto: Reprodução)

Em meados de 1950, ocorreu no Norte de Goiás o movimento político de Trombas e Formoso, uma resistência armada de camponeses contra o processo de expropriação de terras liderado por um grupo de grileiros e apoiado pelo governo do Estado.

Entre os nomes mais emblemáticos do movimento, que lutava pelo direito à terra, temos Dirce Machado, que chegou a assistir à tortura de seu marido, José Ribeiro, de seu irmão César e de camaradas de luta.

Naquela época, Dirce constituiu família, construiu uma escola para alfabetizar a população, auxiliava no tratamento médico dos habitantes e escrevia para um jornal local. A força de Dirce foi tão grande que ganhou notoriedade em todo o estado a ponto de, mais tarde, ela se eleger vereadora por Formosa e por Anápolis.

4. Chica Machado

(Foto: Reprodução)

Chica Machado ganhou destaque na região de Niquelândia. Comprada como escrava aos 13 anos, muitas histórias giram em torno de Dona Chica. Segundo o livro “Chica Machado: um mito goiano” de Adélia Freitas da Silva, Chica conquistou sua liberdade ao se casar com um comerciante português.

Naquela época, com o ouro que possuía, comprava outros escravizados para libertá-los. Ela construiu uma igreja para os negros e revolucionou os costumes ao integrar os escravizados na sociedade conservadora da época.

Há muitos relatos sobre Chica, e um dos mais comentados entre os moradores da região é que as pessoas jogavam ouro em pó quando ela entrava na igreja.

Além disso, os”seguidores” jamais compravam terras ou faziam qualquer tipo de negociação sem consultar a opinião dela.

5. Comendador Joaquim Alves de Oliveira

(Foto: Reprodução)

Migrando para a região de Pirenópolis, temos o pai biológico da imprensa goiana: o Comendador Joaquim Alves de Oliveira. Nascido em agosto de 1770, no Arraial de Pilar de Goiás, Joaquim começou a fazer história por todo o estado graças às relações comerciais que tinha.

Em 1802, o Comendador iniciou a construção do Engenho São Joaquim, conhecido como Fazenda Babilônia, no Arraial de Meia-Ponte, – atual Pirenópolis -, na época a maior propriedade agrícola do estado, visitada por notáveis cientistas viajantes europeus. Aliás, a fazenda existe até hoje e preserva suas características originais.

Muito envolvido com a Igreja Católica, a primeira e grande reforma da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, ocorrida na década de 30 do século XIX, foi orquestrada também pelo Comendador.

Seus feitos, que são vários, lhe trouxeram outras distinções, como a Honra de Moço Fidalgo da Casa Imperial, Comenda do Cruzeiro, Comenda de Cavaleiro da Ordem da Rosa e a patente de tenente-coronel. Joaquim Alves teve até uma importante participação no combate à epidemia de sarampo que, em 1811, assolou o Arraial de Meia-Ponte.

Em 5 de março de 1830, inaugurou a primeira tipografia de Goiás ao editar o primeiro jornal em terras goianas, o Matutina Meiapontense.

No dia 4 de outubro de 1851, o Comendador Oliveira faleceu em Meia-Ponte, aos 81 anos.

6. Gomes de Souza Ramos

(Foto: Reprodução)

Encerrando a lista, temos aqui um dos fundadores da cidade de Anápolis.

Gomes de Souza Ramos nasceu em 17 de setembro de 1837 e, em 1870, mudou-se para uma região que mais tarde seria conhecida como Freguesia de Santana das Antas. Por perto, Ramos construiu uma capela em homenagem a Nossa Senhora de Santana.

Alguns anos depois, no dia 31 de julho de 1907, a Freguesia de Santana foi transformada no município de Anápolis. O trabalho do goiano e de outros pioneiros foi fundamental para a fundação da cidade.

Hoje, no meio da Praça Bom Jesus, no Centro da cidade, é possível encontrar uma estátua em sua homenagem. Sem falar que, em 1980, foi criada a Comenda Gomes de Souza Ramos, que homenageia pessoas que se destacam e ajudam no crescimento e desenvolvimento do município.

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