Pesquisadores da UFG participam de estudo sobre a Antártida, publicado na revista Science
Análise feita junto a instituições da Espanha delimitou quais são as lacunas que existem no conhecimento sobre o local e quais devem ser os próximos passos
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Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) exploraram novas fronteiras ao participarem de um estudo internacional publicado na revista Science no início deste mês, onde abordaram descobertas e uma visão abrangente inédita sobre o continente gelado: a Antártida.
Um dos poucos territórios que permanecem quase intocados no mundo, o continente antártico é grande objeto de estudos diante do que ainda não se sabe sobre ele. Embora haja muito conhecimento sobre animais vertebrados que se reproduzem ao longo da costa, como pinguins e focas, pouco se conhece sobre diversas espécies que vivem ali.
A identificação de questões ainda não respondidas sobre a ecologia e a evolução existentes na biodiversidade única da Antártida, junto à importância crucial da área em questões como a regulação do clima, tornam essenciais a compreensão de como os processos ecológicos se desenvolvem no local.
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Colônia de pinguins da Ilha Adelaide, na Antártida. (Foto: Luis Pertierra/Jornal UFG)
Diante disso, os professores José Alexandre Felizola Diniz-Filho e Joaquin Hortal, ambos integrantes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade, sediado na UFG, se juntaram ao Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha (MNCN) e ao Instituto de Pesquisa em Mudança Global da Universidade Rey Juan Carlos (URJC) para o estudo.
Os resultados enfatizaram a necessidade de maiores investimentos em estudos sobre grupos críticos do continente e provaram que “analisar as lacunas de conhecimento na biodiversidade nos permite identificar prioridades de pesquisa para os próximos anos”, como citou Joaquín Hortal ao Jornal UFG.
Monitorar populações, fazer levantamentos de áreas menos exploradas e padronizar métodos, de modo a tornar os dados mais acessíveis, são alguns dos próximos passos que devem ser tomados.
Para Luis Pertierra, líder da pesquisa, “este estudo nos permitiu, pela primeira vez, obter uma visão abrangente do nível de conhecimento ecológico de um continente inteiro, estabelecendo um padrão para exportar esse tipo de pesquisa para a Europa e outros territórios com complexidade muito maior”.
A análise confirma que mais de 2 mil espécies de fauna, microbiota e flora terrestre já foram descritas para um sistema que aparenta ser inerte e cercado de gelo, mas muitas outras – que podem estar sob o gelo – ainda precisam ser descobertas.