Engenharia Social: como golpistas fazem cada vez mais vítimas em compras e vendas online

Principal estratégia dos é levar a negociação para fora das plataformas oficiais

Davi Galvão Davi Galvão -
Golpes são aplicados sem a necessidade de encontrar-se pessoalmente, com o uso da tecnologia (Foto: Pexels)
Golpes são aplicados sem a necessidade de encontrar-se pessoalmente, com o uso da tecnologia (Foto: Pexels)

Lábia, promessas de dinheiro fácil e até certa engenhosidade. Por mais condenável que seja, não se pode dizer que falta criatividade aos golpistas na Internet, que usam dos mais variados estratagemas para ludibriar as vítimas e roubar desde informações pessoais a até grandes quantias de dinheiro.

Não é à toa que, conforme um estudo realizado pela OLX, uma das principais plataformas de compra e venda do país, apenas em 2024 os brasileiros tiveram um prejuízo estimado de R$ 3,5 bilhões em golpes em transações online.

O que mais chama atenção é que, muitas vezes, os malfeitores sequer precisam escrever uma linha de código para praticar tais crimes. Tudo na base da “malandragem”, ou melhor, da chamada engenharia social.

Em entrevista ao Portal 6, o especialista em cibersegurança Tiago Sabino explicou que essa tática se refere a capacidade de extrair informações ou fazer com que a vítima realize ações nocivas para si mesma, sem que seja necessária qualquer violência física.

“A engenharia social vai desde se passar por outra pessoa para conseguir dados como CPF, número do cartão, senhas de banco, a até mesmo, no âmbito de compra e venda online, convencer a vítima a entregar o produto que está vendendo sem confirmação ou garantia de pagamento”, pontuou.

Tiago Sabino é especialista em cibersegurança. (Foto: Arquivo Pessoal)

Tiago Sabino é especialista em cibersegurança. (Foto: Arquivo Pessoal)

É dessa forma que a experiência de se desfazer de um item antigo e lucrar alguns trocados, ou mesmo adquirir um produto de segunda mão, transformou-se em uma tarefa particularmente difícil.

Como os golpes são feitos

Apesar de cada golpe se diferenciar um do outro, o especialista apontou que algumas táticas já são bem conhecidas e tem até mesmo nome.

“Existe a do falso pagamento, que o golpista demonstra interesse em algum produto que a vítima está anunciando e envia um comprovante, como se tivesse pago, mas que o dinheiro só cairá depois que o item for entregue. Também, do lado do comprador, tem o anúncio falso, que o malfeitor aparece com uma oferta bem abaixo do mercado, mas depois do pagamento, desaparece, porque nunca houve a real intenção de vender”, exemplificou.

Em muitas das vezes, golpistas estão atrás de informações confidenciais. (Foto: Reprodução)

Em muitas das vezes, golpistas estão atrás de informações confidenciais. (Foto: Reprodução)

Quem sentiu isso na pele foi a aparecidense Amanda Pedatella, de 19 anos, que precisou se desfazer de um console, anunciando tanto na OLX quanto no Enjoei. Em poucas horas, foram vários os “interessados”, mas infelizmente a maior parte adotava comportamentos suspeitos.

“O mais comum era mandar um número de WhatsApp para a gente negociar por lá, porque era mais fácil. Nisso ou eles pediam um e-mail para confirmar o pagamento e mandavam o comprovante por lá, ou até comprovantes de PIX, mas que só iriam cair depois de mandar o produto. Não eram um ou dois, parecia até combinado, as histórias eram praticamente as mesmas”, relembrou.

Ela destacou que os e-mails enviados tinham até mesmo marcas e logos das empresas, justamente para tentar ganhar alguma credibilidade, mas que o conteúdo e exigências destes deixavam claro que havia algo de errado.

“Eles falavam que o pagamento já tinha sido feito, mas que eu precisava, por conta própria, tirar o anúncio do ar e enviar o item pelo correio, ou que algum Uber ia vir buscar. Eu não caí em nenhum, consegui vender, mas o que não faltou foi gente tentando bancar de esperta”, finalizou.

Golpistas utilizam até mesmo as logos oficiais das empresas para enganarem as vítimas. (Foto: Reprodução)

Golpistas utilizam até mesmo as logos oficiais das empresas para enganarem as vítimas. (Foto: Reprodução)

Como se prevenir

De forma geral, a melhor forma de evitar cair em golpes, como explicado por Tiago, é evitar qualquer contato ou notificação enviadas por fora da plataforma.

“As empresas de compra e venda têm adotado diversas medidas de segurança para evitar esses golpes. Tanto para o comprador quanto para o vendedor. Elas garantem que a entrega vai ser realizada e que o dinheiro só será ‘trocado’ entre as partes após o recebimento. Agora, se a negociação começar lá e terminar em outro canal, como o WhatsApp, não tem mais essa segurança”, detalhou.

O especialista comentou que, por vezes, os golpistas podem conseguir o e-mail da vítima e mandar comprovantes ou exigências, se passando pela empresa. Nesses casos, é importante verificar no site oficial ou pelo app, se o que está sendo dito realmente aparece na plataforma.

“Agora, se a pessoa tiver enviado o produto e perceber depois que foi um golpe, é importante procurar a polícia imediatamente. Se tiver mandado um Pix, é possível até pedir o dinheiro de volta, através do Mecanismo Especial de Devolução, mas não é garantia e precisa ser rápido”, finalizou.

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