Dívida herdada da gestão Roberto Naves coloca Anápolis entre os municípios mais endividados do Brasil
Déficit de R$ 268 milhões em 2024 expõe rombo deixado pelo ex-prefeito. Dívida total já ultrapassa R$ 1,7 bilhão, conforme relatório da Secretaria da Economia


Anápolis encerrou o ano de 2024 com um dos maiores rombos fiscais do país, ocupando a 25ª posição no ranking nacional de municípios mais endividados. O déficit foi de R$ 268 milhões — valor superior, inclusive, ao registrado pela capital Goiânia, que teve resultado negativo de R$ 226 milhões.
Os dados são do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público (Siconfi) e foram divulgados pelo jornal O Popular nesta segunda-feira (30). Eles escancararam o colapso financeiro herdado pela gestão do prefeito Márcio Corrêa (PL), que assumiu em janeiro de 2025.
Márcio atribui a situação crítica à administração anterior, comandada por Roberto Naves (Republicanos). Já nos primeiros dias de governo, uma auditoria parcial revelou que a Prefeitura havia sido deixada com cerca de R$ 800 milhões em empréstimos — a maior parte relacionada ao programa Anápolis Investe, que financiou obras faraônicas como a Ponte Estaiada.
Roberto, por sua vez, nega irregularidades. Ao O Popular, afirmou que os investimentos obedeceram à legislação e priorizaram áreas como Saúde e Educação. Ele também acusou o atual prefeito de transformar uma questão administrativa em disputa política. “Todo prefeito que assume tem que fazer gestão”, declarou.
Apesar da defesa, a realidade financeira pode ser ainda mais grave. Em prestação de contas realizada na última sexta-feira (27), a Secretaria Municipal de Economia apresentou na Câmara Municipal relatório apontando que o total geral das dívidas da Prefeitura já alcança R$ 1,749 bilhão.
Desse montante, R$ 305 milhões são dívidas de curto prazo — como restos a pagar, precatórios e despesas não contabilizadas — e R$ 1,443 bilhão estão vinculados a compromissos de longo prazo, como empréstimos bancários, parcelamentos com a Receita Federal, INSS, FGTS e fornecedores diversos.
Segundo o secretário Marcelo Olímpio, há despesas da gestão anterior inscritas como “restos a pagar” sem disponibilidade financeira e que agora precisam ser quitadas. Ele ainda apontou cerca de R$ 250 milhões em precatórios e despesas antigas que sequer foram empenhadas.
O histórico também revela a escalada do endividamento. “Até 2016, a dívida municipal era de R$ 87 milhões. Na última gestão, esse número saltou mais de R$ 700 milhões, grande parte contratada enquanto o município estava com classificação CAPAG ‘C’, o que impede o acesso a boas taxas e condições de crédito”, explicou Marcelo.
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