Dança de salão: goianienses contam como atividade ajuda na socialização e mudança de estilo de vida

Antigamente nichado a um grupo de pessoas mais velhas, prática já se dissemina em diversas idades

Davi Galvão Davi Galvão -
Dança de salão: goianienses contam como atividade ajuda na socialização e mudança de estilo de vida
Turma de 2024 da Momentus. (Foto: Arquvio Pessoal)

Em fevereiro de 2024, a goianiense Kellen Hayashida passou pela trágica experiência de ter de se despedir para sempre do pai. Após mais de um mês internado, Milton José Filho faleceu, deixando um “vazio imensurável” no coração da filha.

Março passou aos tropeços, com Kellen definindo o mês como um dos piores dias da vida dela, onde não conseguia pensar em mais nada que não a saudade e o luto. Foi através do conselho da terapeuta que a assistiu durante o processo que ela resolveu buscar uma nova ocupação que a ajudasse a lidar com a perda. E foi assim que a dança de salão a ‘salvou’.

Kellen Hayashida perdeu o pai em fevereiro de 2024. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu estava afundada, não tinha ânimo para mais nada, nenhuma vontade de sair. É muita dor, só quem já perdeu um pai sabe. Mas com o conselho [da terapeuta] eu vi um anúncio de uma escola de dança de salão e como eu já gostava de dançar, resolvei dar uma chance. E foi isso, foi o que me puxou para cima de novo”, contou, em entrevista ao Portal 6.

E assim, Kellen conheceu a Momentus, uma escola localizada no Setor Sul da capital. Foi entre os ensinamentos de forró, salsa, bolero, tango, bachata e vários outros que ela encontrou uma razão e meios de superar a dor. Não apenas com o exercício em si, mas também com os laços de amizade a parceria lá formados.

Professor e sócio-proprietário da Momentus, Bruno Kron contou à reportagem que o caso que Kellen não é único, com a dança sendo muito mais do que uma atividade física, mas também um instrumento de superação e socialização.

“No aspecto geral, a dança permite a socialização e conexão com as outras pessoas. Você sai de casa, interage, encosta em outras pessoas, ri, se diverte. Tem toda a questão hormonal, claro, de fazer o seu corpo se sentir bem com o movimento, mas o mais importante é estar em meio de amigos. E aqui, nossos alunos são mais do que isso, a gente se vê como família”, disse.

Com relação aos alunos, Bruno também combateu um recorrente estereótipo que se formou acerca da modalidade, no qual apenas a terceira idade se interessaria pelas aulas.

“Inegável que muitos alunos realmente são idosos, mas hoje em dia, os jovens também têm procurado cada vez mais aprenderem novos estilos. Nossas turmas têm desde adolescentes, de 13 anos, a até pessoas de 70. Não é algo tão nichado como já foi”, esclareceu.

Tratando da rotina das aulas, ele reforçou a conexão e empatia que a dança é capaz de desenvolver entre os alunos. Não é raro que, a partir desses encontros, a turma resolva, por conta própria, sair e se aventurar na boêmia da capital, lado a lado, e usarem o que aprenderam na escola.

Uma história que se destaca entre as demais é a de Reinaldo Antônio Alves, atualmente com 67 anos e que também teve a dança como trampolim para um novo estilo de vida.

À reportagem, ele contou que passou muito tempo longe da capital e, ao retornar, percebeu que os amigos e conexões que havia feito ao longo da vida tinham ou ficado no interior, ou simplesmente se dispersado em meio a cidade.

Como resultado, Reinaldo passava a maior parte do tempo sozinho, sem contato com outras pessoas. “Meus finais de semana eram todos em casa. Ficava só, foi uma época bem difícil, sentia muita falta das pessoas”, relembrou.

E foi também em 2024 que conheceu e Momentus, e toda essa solidão ficou no passado. Reinaldo sempre foi apaixonado por dança e resolveu dar mais uma chance ao hobby, com a decisão provando-se certeira.

Reinaldo passou a ter uma vida social mais engajada após entrar nas aulas. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Agora, nesse mês de férias, estava indo todo dia, fiz muitas amizades, passei a ter programações para sair, estar entre amigos. Não fico mais sozinho”, declarou.

Temporariamente impossibilitado de frequentar as aulas por conta de um problema no joelho, deixou claro que só não está indo por respeito ao ortopedista, pois caso vá, não conseguirá ficar só olhando: “vou ter que dançar”, avisou.

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