Empatia te dirige para vida?

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Estamos sempre nos surpreendendo com as pessoas. Algumas nos deixam admirados e sem palavras quando sua inteligência emocional e suas atitudes extrapolam o que esperávamos. Outras, nos decepcionam amargamente, pois se mostram o que jamais imaginávamos que eram capazes de ser. Não é fácil fazer uma leitura das pessoas, ninguém vem com estrelinha na testa. Mas algumas pequenas atitudes vão aos poucos nos indicando que tipo de caráter e intenção a pessoa tem. O problema, é que muitas vezes ignoramos esses sinais significativos, pois queremos olhar sempre o lado bom desses, mas quando o lado ruim manifesta soterra tudo o que “aparentemente” bom tinha.

Relacionamos-nos buscando estar próximo de pessoas simpáticas e que gostam de uma conversa madura e gentil, mas nem sempre conviver com indivíduos assim, nos dá a liberdade em expor o oculto de nossa alma. Não rara às vezes necessitamos de alguém que nos ouça e compreenda nossos dissabores, a grande cilada é achar que pelo jeito simpático da pessoa ser, será logicamente empático. Muitos aparentam ser o que jamais foram ou serão, e, abrir o coração pra pessoas que não conseguem se colocar no lugar do outro, deixando que pisem nesse solo sagrado, é receber das mãos desses tais uma receita de remédio tarja preta de gente despreparada que não saberia avaliar a dimensão de sua dor. Pessoas assim só querem ser compreendidas, mas compreender, jamais.

O fato de uma pessoa dispor de um tempo para estar com você, de sorrir, te abraçar, te fazer elogios, de deliciar um bom vinho ao seu lado não denota companheirismo nem empatia. Experimentar as melhores coisas da vida é pra todo mundo mesmo, mas ser ombro amigo, se colocar no lugar do outro e compreender suas dores emocionais imaginando-se nas mesmas circunstâncias, aí é que são elas. Alguns até arriscam dizer que compreende por ter passado por algo parecido, mas na melhor das hipóteses te julga mais fraco que eles e falam mais do que escutam, concluindo erroneamente o que nem pra eles serviriam como resposta.

Nossos relacionamentos serão saudáveis se as pessoas que estiverem ao nosso redor também forem. Muitos fazem “volume”, querem estar ali apenas para usufruir de algo, para fugir de sua realidade obscura ou para se sentirem aceitos e respeitados naquela estrutura relacional, mas são como sanguessugas, sugam toda a vitalidade daquele que se dispõe a abrir sua vida, jogando sobre suas vítimas todo seu potencial pernicioso com sorriso no rosto e tapinha nas costas. Outros exalam energia de vida e exuberância, destilando amizade, compreensão, benevolência, compaixão, empatia, sinceridade, amor e verdade.

A realidade é que não dá pra ficarmos à mercê em nosso caminho existencial como nervo exposto, correndo sérios riscos de sermos ridicularizados por aqueles que não têm a menor intenção de te compreender enquanto suas lágrimas em oculto caem ao chão. Já se sentiu arrastado para o nível de alguém mau caráter ou se constrangeu deveras, pois tal pessoa em algum momento se sentiu desagradada quando você não mais quis ceder aos caprichos, pois estava perdendo sua individualidade e cansado de enterrar sua consciência daquilo que considera como bem ou mal?

Muitas emoções não cabem em palavras e se submeter a relacionamentos em que você nunca é compreendido, percebido, sentido e respeitado, no qual o outro jamais é empático, pois acredita que a simpatia é o suficiente pra mantê-los unidos, precisando sempre se submeter ao outro, ceder às chantagens quando se espera argumentos maduros e saudáveis capazes de aliviar a solidão e angústia de seu ser, é não se permitir viver, mas sim existir para ser apenas ao outro, se anulando sempre.

Nesses entrelaçamentos em que muitos na melhor das hipóteses não sabem e na pior não querem abraçar a empatia como uma das regras pra vida e de suas relações, dispensam apenas a simpatia como sendo essencial, é importante tomar uma atitude e direcionar melhor nossos elos – principalmente quando estamos ligados diretamente a esses, podemos sim mudar nossa forma de lidar com elas, e abrir o coração apenas pra quem sabe o valor que esse tesouro tem.

Deniza L. Zucchetti é escritora nas horas vagas e mãe em período integral. Escreve todas as segundas-feiras.

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