Anápolis agoniza com falta d’água enquanto espera empresas de fora

Da Redação Da Redação -
Falta de água em Anápolis. (Foto: Reprodução)

É preciso reconhecer virtudes, avanços, mas também as deficiências e incompetências de um Governo. Em nosso retorno à pauta política de Goiás, temos mantido uma posição política de independência e acreditamos que isto é realizar a vontade do povo que espera que seus agentes públicos assumam posições de acordo com acertos e erros de uma gestão. Desta forma, em relação ao Governo de Goiás e ao governador, concordamos com diversas posições assumidas na Saúde, na Educação.

Porém discordamos veementemente com o modelo de gestão – ou praticamente o abandono da administração – de empresas estratégicas para Goiás e para a manutenção da dignidade do goiano como é o caso de Celg e da Saneago.

Esta última segue o caminho da companhia energética e está prestes a entrar em colapso. A começar pela prestação de serviço deficitária em dezenas de municípios goianos, a Saneago é o próximo gargalo a impedir que o Estado se desenvolva comercial e industrialmente. Isto porque a demanda de água é um item limitador do desenvolvimento. E em diversas regiões de Goiânia e Anápolis – além de outros municípios menores em população – tem faltado água para a população. Um item decisivo para a manutenção da vida, da higiene e da dignidade humanas são cerceadas pela população.

Em Anápolis, bairros importantes e com alta densidade populacional ou mesmo comercial como o Bairro Jundiaí estão sofrendo um rodízio com frequência de cinco dias sem água. Em pleno 2015, a terceira maior cidade de Goiás e a segunda em PIB sequer consegue abastecer seu povo do mínimo para a dignidade. Enquanto o Governo faz missões comerciais internacionais com o suposto objetivo de atrair investimentos para Anápolis, a cidade padece de um terrível e irresponsável rodízio de abastecimento. Como é possível uma gestão promover o incentivo de empresas estrangeiras a Goiás e em especial à cidade de Anápolis – já que convocou o prefeito João Gomes a acompanha-lo – se nem mesmo consegue garantir uma planta de fornecimento de água e energia elétrica à população? Que dirá a projetos industriais que demandam energia e água em larga escala?

É preciso frisar que o problema da Saneago não é decorrente da ausência de chuva. As estiagens podem ser justificáveis em outros municípios, mas Anápolis teve e tem capacidade de abastecer a si própria e ainda servir outros municípios. Logo, o desafio é a realização de investimentos na área de infraestrutura a fim de otimizar a captação, o tratamento e o abastecimento de água nas casas dos anapolinos. É neste item que fica evidente a falta de prioridades no uso dos recursos públicos.

Enquanto uma obra com valor superior a R$ 110 milhões padece abandonada às margens da BR-153, sob o nome de “Centro de Convenções de Anápolis”, a população – com a metade deste dinheiro – poderia ter o seu abastecimento garantido por décadas. A necessidade de obras vultuosas tem maior apelo à imagem que obras que muitas vezes ficam debaixo da terra e ninguém sequer vê.

Desta forma é que reincidentemente temos insistido na tese da municipalização da água na cidade de Anápolis. Isto pode servir para sua receita seja reinvestida na sua totalidade na cidade e nos projetos de engenharia que a cidade mais precisa para equalizar suas demandas. Infelizmente, vemos a Saneago seguir o caminho do sucateamento que tem como ápice entrega-la a preço de banana a investidores ou ao governo federal, assim como tem ocorrido lamentavelmente com a Celg.

Acreditamos que enquanto não houver a definição de um grupo político com representantes fortes para definir uma agenda de trabalho para cobrar soluções dos entes responsáveis junto à Saneago e ao Governo Estadual, a situação ainda irá se perdurar para agonia dos anapolinos.

Ernani de Paula é empresário e ex-prefeito de Anápolis

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