Os depressivos do Natal

Carlos Henrique Carlos Henrique -

O Natal movimenta toda a sociedade: o comércio aumenta, as viagens se intensificam, as confraternizações de fim de ano se misturam e principalmente as famílias se reúnem. Sem dúvida o Natal se caracteriza por comemorar o nascimento de Cristo no seio familiar e essa reunião faz pessoas viajarem centenas de quilômetros para se encontrar. Porém, nem todos os membros familiares mantêm laços fraternos entre si. Algumas famílias transpiram alegria ao se reunirem, mas reúnem desafetos que não se falam durante o ano. Para uma minoria, mas nem por isso raro, a expectativa de voltar a falar com quem não gostam chega a gerar depressão. A estes denomino “depressivos do Natal”.

Como é sabido, a depressão tem como sua maior característica a perda do futuro e a consequente falta de vontade. Nos depressivos do Natal, o gatilho que dispara o processo é a antecipação do desagrado que sentirá ao se reunir com familiares que não gostaria nem de encontrar. Começa a imaginar as cenas que passará, chega a “escutar” os comentários que considera chatos e desagradáveis. Aqui não se enquadram as pessoas que apenas ficam chateadas de encontrar algum parente que não se dá bem, mas as que entram num processo depressivo. Às vezes, ficam tão abatidas que não conseguem ir às festas natalinas, ou, quando vão, fica nítido o estado depressivo em que se encontram. Geralmente mobilizam os parentes mais próximos que se preocupam e de alguma forma procuram atender algumas necessidades básicas.

O comum nesses casos é que os problemas iniciaram há muitos anos e de alguma forma a pessoa não conseguiu enfrentá-los e resolvê-­los. Procura, equivocadamente, se anular para eliminar o problema ou, pelo menos, não precisar conviver com o desafeto. Prejudica a si mesmo ao abdicar viver por não saber lidar com um problema, por sentir-se frágil para enfrentá-­lo. O importante é identificar o processo depressivo e procurar ajuda para encarar os problemas que ela vai se deparar. Buscar estratégia que lhe possibilite, no mínimo, buscar seu espaço no núcleo familiar e aproveitar as festas natalinas.

Interessante que esse estado, embora apresente comportamento preocupante, tende a não perdurar até o Réveillon, caso deixe de encontrar os ditos parentes. O próximo artigo será sobre os otimistas do ano novo.

Flavio Melo Ribeiro é psicológo e blogueiro. Escreve todas as terças-feiras.

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