Por quê fugir de si mesmo?

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Todo ser humano tem potencial para ser feliz e experimentar alegrias em seu dia a dia mas, alguns, estão em constante guerra com outros. Fiquei meditando a respeito disso e obtive algumas respostas apesar de saber que todos nós somos contraditórios, ambíguos, tendo um universo complexo que habita nossos corpos.

Mas o fato é que se alguém tem uma vida “aparentemente” tranquila e vive em constante embate com outra pessoa, fica bem óbvio de que não passa mesmo de aparência.

O ser que é feliz, que se alegra a despeito das contingências, que tem parazer em si mesmo e em sua vida, não viverá em função de estar sempre hasteando bandeiras de guerra contra quem quer que seja, se assim o faz é porque essa luta está travada e acontecendo com essa pessoa em seu interior.

O ato de hostilizar alguém sem motivos quaisquer aparentes é uma confissão da forma como se sente em relação a si e, que mesmo se enxergando, tem extrema dificuldade em admitir o que vê em si mesmo. Por esta razão acaba passando para terceiros o que é seu, enforcando sua alma no martírio que faz do outro.

Gente assim não tem resistência interior, não persevera e nem luta por si mesmo, não se auto-desenvolve, são carentes de sabedoria e inteligência emocional, se esbalda em suas deficiências enquanto mergulha em seu próprio enigma, sua alma está diluída e por isso nunca se sente inteiro, sem alegria, sem graça, sem vida, sem brilho, sem consciência de que está constantemente guerreando contra si mesmo enquanto tenta magoar alguém transferindo a destruição que habita em seu ser.

Nesse contexto, enquanto estiver fugindo de si mesmo, a pessoa acaba se inscrevendo em questionar, avaliar, difamar, apontar os outros, se distanciando da tarefa de se auto examinar.

Infelizmente não percebes o quanto está perdida e que seu interior está em total decadência indo em direção ao precipício, buscando partes de si na escuridão do nada, e nesse desespero estará sempre ridicularizando e expondo o outro para não se enxergar.

Pessoas assim não sobrevivem à viagem de frente do espelho, por isso se escondem sob os mantos da superficialidade para fugir de qualquer conhecimento que induza ao encontro da real pessoa que existe dentro de si e que ainda não conhece.

O remédio para aquele que está acalentando raiva, frustração, criando constante embate com quem nem faz questão de ter inimizade é se enxergar, se amar, se aceitar e se reconciliar consigo mesmo. Seus conflitos e guerras do  lado de fora correspondem exatamente ao que está acontecendo em seu coração. A proporção dos combates demonstram a intensidade de suas guerras interiores, portanto jamais experimentará paz, estabilidade, firmeza, nem harmonia na vida e para vida, se esse não for o seu estado de ser, de alma, de espírito.

Na dedicação de se enxergar, se perdoar, se amar, acabará refletindo da mesma forma no meu caminho existencial, e consequentemente, na forma de lidar com seu próximo – somente assim o embate unilateral cessará.

Deniza L. Zucchetti é escritora nas horas vagas e mãe em período integral.

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