Prefeitura iniciou obra de viaduto e só depois perguntou onde ficam adutoras, afirma Saneago

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

Após a sequência dramática de deslizamentos de terra e rompimento de adutoras no campo de obras dos viadutos  da Avenida Brasil, o Portal 6 obteve com exclusividade informações que denunciam a dimensão da irresponsabilidade por parte da Prefeitura de Anápolis na obra que a administração João Gomes considera como a mais audaciosa da história da cidade.

Iniciada a construção em setembro do ano passado, os viadutos estaiados da Avenida Brasil com Barão do Rio Branco e Amazílio Lino fazem parte de um projeto antigo da gestão petista, que só foi possível realizar a partir de um endividamento de mais de R$ 74 milhões a juros de 6%. O trânsito pesado do Centro e Vila Góis podem ganhar mais fluidez e João Gomes a possibilidade de ganhar a eleição caso a obra fique pronta ainda em 2016.

Porém, os gigantescos chafarizes que surgiram em ambos viadutos após seguidos deslizamentos de terra e rompimento de tubulações que levam água do reservatório do Piancó à região Central e Leste de Anápolis causaram dor de cabeça no Centro Administrativo e nas residências que ficaram por longas horas desbastecidas.

A surpresa desagradável ganha contornos de espanto com uma revelação da Saneago à reportagem do Portal 6. A Prefeitura de Anápolis solicitou o cadastro das redes de água e esgoto da estatal, que detalham o posicionamento das tubulações, somente depois que as obras já estavam em andamento.

As barras de concreto que pesam milhões de toneladas e o contínuo impacto da obra junto ao solo fazem a estatal de água e esgoto de Goiás temer que novos deslizamentos de terra e rompimento de adutoras ocorram no local.

“O risco existe. Por esse motivo, a Saneago notificou a Prefeitura de Anápolis e a Construtora Jofege, alertando sobre a necessidade de se remanejar as redes de água e esgoto da região para evitar novos problemas. No momento, aguardamos o desenvolvimento e a apresentação do projeto por parte das referidas instituições para aprovação”, ressalta a empresa que promete repassar todos os custos de reparo no sistema à construtora JOFEGE, que toca as obras.

Em nota ao Portal 6, a Prefeitura de Anápolis alega que os estudos de impacto no solo foram feitos, mas não apresentou nenhum à reportagem. O objetivo da Prefeitura de tentar inaugurar a obra ainda este ano se mantém e para isso “serão feitos desvios nos pontos das adutoras”, informou.

Procurada, a FOFEGE não retornou contato.

TCM de olho

A atitude de levantar o viaduto sem as saber o que tinha debaixo da terra é condenado pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO). “Um projeto de obra desse porte, o projetista deve, ao menos, se informar sobre a localização das adutoras”, ressaltou.

O reincidente deslizamento de terra gerou preocupação na Corte de Contas, que agora não descarta uma visita in loco no canto de obras dos viadutos. “O Tribunal se preocupa sim com este tipo de acontecimento, pois, além da questão da segurança, tais eventos podem resultar em um reflexo financeiro nos contratos”.

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