Engenheiro que matou juíza às vésperas do Natal vai a júri popular

Ela foi morta a facadas na frente das três filhas do casal

Folhapress Folhapress -
Engenheiro que matou juíza às vésperas do Natal vai a júri popular
(Foto: Reprodução)

O engenheiro Paulo José Arronenzi irá a julgamento popular pelo homicídio qualificado contra a sua ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi.

Ela foi morta na véspera do Natal de 2020, a facadas, na frente das três filhas do casal, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

A 3ª Vara Criminal da capital aceitou todas as provas apresentadas pelo Ministério Público e determinou o julgamento popular, que deve acontecer ainda este ano.

De acordo com o Ministério Público, Viviane foi morta por meio cruel, motivo torpe, sem possibilidade de defesa, em crime motivado por ser mulher e com o agravante de ter ocorrido na frente das filhas (uma de 10 e gêmeas de 7 anos).

A juíza foi morta a facadas no corpo e no rosto e, segundo a denúncia, o ex-marido estava consciente no momento do crime. Laudo da Polícia Civil mostrou que Viviane sofreu 16 cortes e perfurações.

“Desta forma, praticou o crime de feminicídio perpetrado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, qualificado pelo fato de ter sido praticado na presença das três filhas do casal”, diz a promotoria.

Viviane foi atacada de surpresa quando descia do carro enquanto levava as filhas ao encontro do ex-marido. O engenheiro estaria inconformado com o fim do relacionamento, segundo a denúncia, principalmente por causa das consequências financeiras da separação.

Os problemas financeiros de Paulo foram relatados por uma testemunha. Ela afirmou que o acusado estava havia cerca de seis anos desempregado e dependia financeiramente da ex-esposa.

Aos 45 anos, a juíza integrava a magistratura do Rio havia 15 anos. Ela chegou a ter escolta policial concedida pelo Tribunal de Justiça do RJ após ameaças do ex-marido, mas posteriormente assinou um termo dispensando a proteção.

Em depoimento, a mãe de Viviane contou que o engenheiro manteve a juíza e as filhas isoladas durante os 11 anos de casamento. Nesse período, o contato entre as duas acontecia principalmente por telefone.

A juíza decidiu pela separação em setembro de 2020, por causa do comportamento violento do ex-marido.

Também por decisão da 3ª Vara Criminal, foi mantida a prisão preventiva do engenheiro, detido por guardas municipais no local do crime.

De acordo com o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, o acusado poderia coagir testemunhas do crime caso fosse solto. Além disso, o magistrado ressaltou que o engenheiro tem parentes na Itália e haveria o risco de uma fuga.

Em abril deste ano, durante interrogatório judicial, Paulo usou o direito de ficar calado.

Feminicídio na pandemia O Brasil registrou oficialmente em 2020 a morte de 1.338 mulheres por sua condição de gênero, assassinatos praticados em sua maioria por companheiros, ex-companheiros ou pretensos companheiros.

Os dados consolidados do ano passado, que tiveram 10 de seus 12 meses sob o efeito da pandemia da Covid-19, foram colhidos pela Folha nas secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal.

Em relação a 2019 houve uma alta de 2%, mas a violência contra as mulheres cresceu em níveis mais alarmantes no Centro-Oeste (14%) e no Norte (37%). Nordeste (+3) e Sudeste (-3) apresentaram pequenas variações. No Sul, houve queda de 14%.

Os números mostram que a violência contra a mulher tem trilhado uma trajetória de alta -o feminicídio cresceu 8% de 2018 para 2019, de acordo com dados atualizados-, apesar do endurecimento da legislação em anos recentes.

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