Preferência pelo PT chega a 28%, melhor resultado desde 2013

Resultado de agora é bem próximo ao melhor desempenho já registrado pela sigla no primeiro mandato de Dilma Rousseff

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Neste domingo (19), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB) participam de um jantar promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas. O evento gera expectativas sobre a possibilidade de diálogo entre ambos acerca das eleições de 2022. (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)

Na esteira da aparente “onda Lula” que se ergue para a eleição do ano que vem, o PT alcançou seu melhor resultado na preferência partidária do brasileiro desde 2013. Segundo recente pesquisa Datafolha, o partido é o preferido de 28% dos entrevistados.

Em um muito distante segundo lugar, aparecem empatados PSDB e MDB, ambos com 2% cada um. Empatados tecnicamente com eles, PDT e PSOL têm cada um 1%. Os demais partidos não chegaram a pontuar.

A pesquisa foi realizada de 13 e 16 de dezembro com 3.666 pessoas, em 191 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

O PT é o partido preferido dos brasileiros desde 1999.

O resultado de agora é bem próximo ao melhor desempenho já registrado pela sigla, 31% em abril de 2012, no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Vivia-se ainda o rescaldo do crescimento econômico dos governos Lula (2003-2010), mas o partido entraria pouco depois em processo de queda brusca.

​​Em junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas do país em protesto contra a má qualidade dos serviços públicos e os políticos em geral.

Ocupando a Presidência com Dilma, o PT foi o partido que levou o maior baque. Em pesquisa no final daquele mês, foi citado por 19%. Três meses antes, havia marcado 29%.

Nos levantamentos seguintes, a queda prosseguiu. Em 2014 teve início a Lava Jato, que revelou um largo esquema de corrupção nos governos petistas. Prisões de expoentes da sigla e a recessão econômica derrubaram ainda mais a simpatia pela agremiação.

Em março de 2015, mês em que protestos contra o governo Dilma reuniram quase 1 milhão de pessoas pelo país, o PT chegou ao seu pior resultado em anos recentes, com 9% das menções.

Teve o mesmo índice em dezembro de 2016, após o impeachment de Dilma. Menos que isso o PT só registrou em agosto de 1989, com 6%.

Em abril de 2017, talvez em razão da também alta rejeição do governo de Michel Temer, o partido saltou para 15%. De forma geral, passou para a faixa dos 20% nas pesquisas seguintes, guinada que não foi freada nem pela prisão de Lula, em abril de 2018. Quatro meses depois, o PT registrava 24%.

Com pequenas variações, manteve-se nesse patamar nos anos seguintes. Em julho deste ano marcou 22%, 23% em setembro e agora 28%.

Lula foi solto em novembro de 2019 e desde então vem acumulando uma série de vitórias, o que pode ter se refletido na avaliação geral de seu partido.

Em março de 2021, o STF declarou a parcialidade do ex-juiz federal Sergio Moro no caso do tríplex de Guarujá e anulou a condenação de Lula, que voltou a estar apto a disputar a eleição do ano que vem. Em agosto, juíza de Brasília extinguiu a punição do ex-presidente referente ao sítio de Atibaia.

Segundo o Datafolha, Lula tem 48% das intenções de voto nas eleições presidenciais do ano que vem, o que já lhe garantiria a vitória no primeiro turno. Lula também é considerado o melhor presidente do país para 51% dos brasileiros.

O Datafolha realiza pesquisas sobre preferência partidária desde 1989. Na série histórica, a maior parcela da população sempre declarou não ter especial simpatia por nenhuma sigla. Nesta última sondagem, porém, houve queda nesse grupo. Passou de 61%, em setembro, para 54% agora.

A série histórica também traz algumas curiosidades. Na primeira década, o PMDB, hoje MDB, era o partido preferido do brasileiro. Chegou a marcar 19% em dezembro de 1992, mantendo sempre vantagem numérica, ou ao menos empate, com o PT.

No mesmo período de tempo, o PFL, hoje DEM, apresentava desempenho bem mais expressivo, como os 9% registrados em setembro de 1997. A virada dos anos 2000, contudo, marcou a definitiva ascensão do PT e a desidratação dessas duas siglas.

O MDB vem oscilando na casa dos 2% e 3% nos últimos três anos, enquanto o DEM deixou de pontuar desde meados de 2014.

O PSDB, em geral o segundo partido partido da preferência nacional, empatado com o MDB, nunca chegou a ultrapassar a barreira dos 10%, nem mesmo no governo de FHC. Em junho de 2015, num dos principais momentos de desgaste do PT, foi a 9%.Nos últimos três anos, não passou de 4%.

Na prática, constata-se que ou o brasileiro prefere o PT ou, como a maioria, não tem apreço por nenhuma sigla.

Fato curioso também ocorreu com o PSL. Partido nanico, até junho de 2018 nunca havia pontuado nas pesquisas do Datafolha, com a grande maioria das legendas nacionais. No entanto, Jair Bolsonaro naquele ano filiou-se ao PSL para disputar a Presidência.

A onda bolsonarista teve efeito impressionante também na preferência partidária. Com o início da campanha eleitoral, o PSL passou a 1% no final de agosto daquele ano, 3% em setembro e 7% em outubro, tomando o segundo lugar da lista do PSDB e do MDB.

A partir de 2019, porém, a maré começou a refluir. Bolsonaro entrou em desavença com a sigla e se desfilou em novembro daquele ano. No mês seguinte, o PSL marcou 2%. Em julho deste ano, tinha 1%. Nas duas últimas pesquisas, nem pontuou.

Em fins de novembro, Bolsonaro se filiou ao PL. Depois de mais de uma década sem pontuar, o partido registrou 1% na última pesquisa.

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