Onça-pintada que virou símbolo da tragédia no Pantanal dá a luz a filhote em Corumbá de Goiás

Oncinha passará por processo de preparação para ocupar habitat que pertencia à mãe

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Onça-pintada foi resgatada em 2020 e, desde então, está sendo cuidada no local. (Foto: Reprodução/ Instituto Nex)

Um dos principais símbolos da tragédia ocorrida no Pantanal em 2020, conquistou mais uma vitória para lista.

A onça-pintada Amanaci, que foi resgatada durante o incêndio, deu a luz à dois filhotes no Instituto Nex, em Corumbá de Goiás, no Leste de Goiás.

Infelizmente, uma delas nasceu com má formação e acabou não resistindo. Já o outro filhote, uma oncinha com as mesmas características da espécie, sobreviveu e já está recebendo os devidos cuidados.

Em entrevista ao Portal 6, o fundador e gestor do órgão, Silvano Gianni, revela que o santuário enfrenta agora, um novo e difícil desafio: preparar a pequena oncinha para ocupar o lugar que pertencia à mãe.

“Ele [filhote] agora terá que passar por um treinamento para aprender a viver na natureza e a caçar. É algo que ele precisa saber para sobreviver, pois pretendemos preencher o lugar dela, com ele”, explica.

 

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No entanto, este trabalho está longe de ser concluído. Silvano afirma que apenas depois de 02 à 03 anos, os filhotes finalmente estarão aptos para serem introduzidos na natureza.

“Normalmente, o treinamento leva cerca de 2 à 3 anos para introduzir esses animais no habitat. Por exemplo, nós reintroduzimos filhotes da Argentina uma vez e eles tem que passar por um treinamento para conseguir se adaptarem devidamente, se não, não sobrevivem”, afirma.

Entretanto, o destino de Amanaci seguirá um rumo diferente dos filhotes. A onça-pintada deverá permanecer no Instituto, devido a perda das garras que sofreu durante o acidente.

“Ela chegou no local com ferimento graves de terceiro grau nas patas e na barriga. Nós imaginamos que ela estava tentando salvar um filhote, já que ela estava dando leite, e por isso permaneceu mais tempo no fogo tentando salvá-lo”, afirmou.

Por conta das graves queimaduras, a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), primeiro local de estadia do animal, considerou até mesmo sacrificar o felino.

No entanto, ela foi encaminhada até o Instituto Nex que se propôs a tratar da recuperação.

“Ela estava escondida em uma fazenda, mas a Universidade Federal do Mato Grosso resgatou ela e pensaram até mesmo em sacrifica-la por conta da gravidade dos ferimentos. Porém, o órgão necessitava de uma autorização e, para isso, falaram com o Senap que pediu para encaminhar a onça para nós”, conta.

“De um dia para o outro ela chegou aqui no Nex, e tínhamos um hospital de campanha já preparado. Nos mobilizamos nesta noite e realizamos diversos tratamento nela com células tronco, lazer e ozônio terapia. Essa onça ficou tão bem e teve até mesmo condições clinicas de ter filhotes, mas não pode retornar a natureza”, completa.

Atualmente, o Instituto cuida de mais de 25 onças e é uma das maiores organizações de preservação de onças do Brasil.

“Todas as onças que cuidamos estão agora em perfeito estado. Recebemos um macho que chamamos de Ousado, pois ele sempre ia próximo da praia e assustava os banhistas. Ele fugiu de um incêndio e ficou 37 dias no lugar. Mandamos ele de volta ao habitat e ele nem percebeu que saiu de lá”, conta.

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