Maiores cidades de Goiás estão com cofres cheios, mas pequenos municípios sofrem com baixa arrecadação

Realidade é apontada pelo presidente da FMG e secretários municipais dos dois maiores centros urbanos depois da capital

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Monte Alegre de Goiás, localizado no Nordeste do estado. (Créditos: Jornal O Vetor)

Uma contradição marca o momento econômico das cidades goianas. Enquanto algumas prefeituras lutam para honrar compromissos básicos como folha de pagamento, outras conseguem se manter estáveis e até crescer mesmo com pandemia.

Quem explica isso é Haroldo Naves, presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, município do Norte Goiano.

Com a disparada da inflação em 2021, e a população com menor poder aquisitivo, houve uma redução geral da arrecadação. São problemas que impactam fortemente o orçamento e tornam a vida ainda mais difícil nos rincões do estado.

“O custeio da máquina pública é proporcionalmente maior nos municípios pequenos. Eles não podem dar reajuste da mesma forma [que cidades grandes] porque o caixa não comporta”, apontou o líder da FGM em conversa com o Portal 6.

“Se a gestão corrigir a tabela de valores, pode sacrificar ainda mais o cidadão, que está pagando mais e ganhando a mesma coisa. O cobertor está curto e os prefeitos têm que fazer ‘ginástica’ para se manter”, emendou.

Repassado pelo Governo Federal, o minguado Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é a principal fonte de recursos dos pequenos municípios. E ele oscila muito.

“A arrecadação vem só caindo e as despesas aumentando. Em comparação a 2020, o ano passado foi melhor. Mas para 2022, comparando receita e despesa, o panorama deve ser muito pior”, adiantou.

Realidade diferente

Dois secretários municipais ouvidos pelo Portal 6 confirmam a realidade já pintada pelo presidente da FGM.

Titular da Secretaria da Economia de Anápolis, Valdivino de Oliveira diz qual receita foi adotada pela Prefeitura para manter o equilíbrio entre receitas e gastos.

“O grande feito tem sido fazer essa gestão minimizar os gastos. A gente avalia o orçamento a cada dois meses, corrige os desvios, e quando chega no final do ano estamos com as contas equilibradas”, explicou.

Gestor de um orçamento de R$ 1,6 bilhão, ele aponta que o crescimento da arrecadação de Anápolis foi modesto em 2021 muito por conta da inflação de 10,06% no período.

A terceira maior economia de Goiás também experimentou aumento dos gastos sem superar a receita.

Conforme o secretário da Fazenda de Aparecida de Goiânia, André Luís Rosa, a arrecadação local manteve a tendência de mais de uma década e cresceu 15% nos últimos dois anos. A receita líquida aparecidense pulou de R$1,298 bilhão em 2020 para R$ 1,495 bilhão em 2021.

É um incremento que também contou com aumento de repasses do Governo Federal nas áreas de saúde (mais R$ 100 milhões) e educação (mais R$50 milhões), mas que também veio com investimento privado.

“Tivemos empresas abrindo mais do que nos cinco anos anteriores. Nossa sociedade é altamente empreendedora e está consumindo, crescendo e produzindo cada vez mais”, comemora André Luís, que segue animado mesmo com as incertezas econômicas.

“Criamos um circulo virtuoso de crescimento, atraindo empresas e indústrias. Aparecida é uma cidade onde a crise fica do lado de fora de BR, não entra aqui”, argumentou.

Fica a dúvida se Goiânia goza da mesma bonança. O Portal 6 tentou falar com o secretário de Finanças da capital, Vinícius Henrique Pires Alves, mas não teve sucesso. Informalmente, a reportagem teve como resposta que o cientista contábil ainda está se inteirando dos números da pasta que assumiu no dia 22 de março.

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