Bolsonaro diz que governo não aceita provocação e volta a colocar em dúvida sistema eleitoral

Presidente disse que "sabe o que está em jogo" e que seu governo não aceita provocações

Folhapress Folhapress -
Presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Antonio Molina/Folhapress)

(FOLHAPRESS) – Em meio ao imbróglio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e as Forças Armadas acerca das urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral, disse que “sabe o que está em jogo” e afirmou que o seu governo não aceita provocações.

“Nós sabemos o que está em jogo. Todos sabem o que o governo federal defende: defende a paz, a democracia e a liberdade. Um governo que não aceita provocações, um governo que sabe da sua responsabilidade para com o seu povo”, afirmou.

Na sequência, voltou a falar do sistema eleitoral: “Todos têm que jogar dentro das quatro linhas [da Constituição]. Nós não tememos resultados de eleições limpas. Nós queremos eleições transparentes, com a grande maioria, ou diria a totalidade do seu povo”

As declarações foram dadas nesta quarta-feira (11) durante visita do presidente à ExpoIngá, no Parque de Exposições de Maringá (460 km de Curitiba). A cidade é base eleitoral do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara dos Deputados.

Bolsonaro tem ampliado suas insinuações golpistas e ataques às urnas eletrônicas.

Na semana passada, o presidente da República sugeriu, em tom de ameaça, que os resultados de uma auditoria privada a ser realizada por uma empresa contratada por seu partido, o PL, podem complicar o Tribunal Superior Eleitoral se a for constatado que é “impossível auditar o processo”.

Nesta semana o TSE rejeitou novas sugestões das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022. O tribunal negou de forma assertiva 3 das 7 sugestões dos militares e disse que o restante já está em prática, ou seja, que não há o que mudar.

Em ofício enviado aos membros da Comissão de Transparência Eleitoral, órgão que tem uma cadeira para as Forças Armadas, o presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, reafirmou que o pleito deste ano terá segurança.

“A Justiça Eleitoral tem historicamente assegurado a realização de eleições íntegras em nosso país. O êxito e a credibilidade conquistados pela instituição nesta tarefa maior de promoção da democracia firmam esta Justiça especializada como verdadeiro patrimônio imaterial da sociedade brasileira”, afirmou Fachin.

A equipe do TSE apontou que as Forças Armadas confundem conceitos e erram cálculos ao apontar risco de inconformidade em testes de integridades das urnas.

O tribunal rejeitou alterar, na eleição deste ano, a forma de seleção das urnas que vão passar por este tipo de auditoria, apesar de reconhecer que a escolha pode mudar nos próximos pleitos.

O TSE ainda repetiu que não há “sala secreta” de totalização dos votos, um argumento repetido, sem provas, pelo presidente Bolsonaro. A equipe da corte eleitoral reafirma que já há mecanismos de reação caso alguma irregularidade na contagem dos votos seja detectada.

A escalada da tensão levou ministros que integram o TSE a discutir o encerramento das atividades da Comissão de Transparência das Eleições. O debate ainda é feito em conversas reservadas, como revelou a coluna Mônica Bergamo.

A comissão deveria servir como um antídoto aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral, mas os militares ganharam um protagonismo que jamais tiveram em outros pleitos desde a redemocratização do país. E, em vez de uma postura técnica e colaborativa, na visão de magistrados, passaram a tomar uma série de iniciativas para tentar tumultuar o processo eleitoral, alinhados com o discurso do presidente Jair Bolsonaro.

O próprio ministro Luís Roberto Barroso, que criou a comissão quando presidia o TSE, tornou pública a investida ao alertar, em um evento no exterior, no fim de abril, que as Forças Armadas estavam sendo orientadas “para atacar o processo eleitoral” e tentar “desacreditá-lo”.

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Maringá por volta das 15h e participou de uma motociata junto com apoiadores nas ruas da cidade.

O ato começou às 16h, mas uma fila se formava na entrada do parque de exposições em Maringá antes das 14h, quando os portões seriam abertos. A feira, promovida pela Sociedade Rural de Maringá, liberou a entrada do público por ocasião da visita de Bolsonaro.

Antes da chegada de Bolsonaro, um telão dentro do parque de exposições exibia imagens de atos em apoio ao presidente. Depois que ele chegou, o telão da ExpoIngá exibiu a frase “O Mito chegou!”.

Na plateia, apoiadores carregavam bandeiras do Brasil e vestiam camisetas em apoio a Bolsonaro. Alguns pais trouxeram filhos.

Bolsonaro já visitou outras feiras agropecuárias neste ano. Há pouco mais de um mês, em 8 de abril, ele esteve na ExpoLondrina (PR), em Londrina, cidade a cerca de 100 km de Maringá. Na ocasião, deu voltas a cavalo em uma arena de rodeio.

Em 25 de abril o presidente foi à Agrishow, onde chegou montado também em um cavalo, apesar de não haver animais em exposição na feira realizada em Ribeirão Preto (SP) –o evento tem como foco maquinários agrícolas de alta tecnologia. Ele ainda participou da abertura da ExpoZebu, em Uberaba (MG), em 30 de abril, feira focada em pecuária bovina.

Apesar de não ter o tamanho das demais, a ExpoIngá é uma das mais tradicionais feiras agropecuárias do país. Neste ano, está na 48ª edição.

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