“A igreja ainda não está preparada para receber as pessoas LGBTQIA+”, diz goiano Gustavo Balieiro, ex-missionário gay

Após assumir sexualidade, rapaz conta que recebeu ataques no meio gospel e comentários afirmando que ele iria para o inferno

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Gustavo Balieiro. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

“Um dos pastores da igreja que eu ia, chegou a falar que nem sequer poderia me dizer ‘Deus te abençoe’ por conta da minha sexualidade”, diz o instrutor de dança, Gustavo Batista Balieiro, de 26 anos, ao Portal 6.

Nascido no município de Itapirapuã, região noroeste de Goiás, o jovem atuava como missionário em diferentes igrejas evangélicas do estado desde os 15 anos de idade. Mas, ao assumir que é homossexual, em 2020, passou a lidar com críticas e ataques agressivos de alguns religiosos.

“Boa parte do meio evangélico foi sem escrúpulo comigo. Tentaram achar patologias, como se o fato de eu não ter tido um pai presente, por exemplo, fosse uma das razões para que eu assumisse a minha sexualidade”, desabafa.

Com a repressão do ambiente gospel, um novo método para conseguir se manter perto do cristianismo e se afastar dos ataques foi encontrado pelo rapaz nas redes sociais.  

Por lá, ele divulgava alguns ensinamentos bíblicos aprendidos na igreja e na faculdade de teologia e dava assistência a outras pessoas do grupo LGBTQIA+ que passavam por situações semelhantes a dele.

“Eu tentava fazer isso como uma experiência pessoal e deixava ali tudo aquilo que eu aprendi e recebia muitos pedidos de ajuda”, revela.

Mesmo tentando continuar no caminho que atuou durante aproximadamente nove anos, os ataques constantes por conta da sexualidade fizeram Gustavo se afastar do cristianismo. 

Comentários afirmando que ele iria para o inferno e que deveria parar com os ensinamentos na web apareciam constantemente no perfil do rapaz. 

“Já cansei de ouvir frases como ‘você vai  pro inferno’ e ‘se for gay, seja em silêncio, não precisa postar essas coisas’ ”, relembra. 

Segundo ele, a igreja ainda não está pronta para lidar com aquilo que é diferente dos padrões estabelecidos pelas instituições.

“Eles ainda são do tipo que se você não age como nós, ou não é como nós, vamos te amar até um certo ponto”, explica.

Para tentar um novo recomeço, Balieiro se mudou para Mogi das Cruzes, em São Paulo, cidade em que mora há quase quatro anos e, desde então, tem trabalhado como professor de dança.

“Eu estou tentando me desligar da imagem gospel, pois a igreja não está preparada para receber as pessoas LGBTQIA+”, revela. 

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