O perigo de vestir verde ou vermelho em Goiânia em dias de jogos de Vila Nova e Goiás

No último sábado, jovem que foi confundido como torcedor de time rival foi espancado e encaminhado para hospital

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Homem agredido em Aparecida de Goiânia por torcedores do Vila Nova. (Foto: Reprodução)

Em dias de jogos envolvendo Vila Nova e Goiás, torcedores dessas equipes tendem a ficar com ânimos mais acirrados, já que os grupos representam os principais times da capital e possuem rivalidade dentro e fora do campo. 

Para se ter uma ideia, até mesmo vestir uma roupa de cor vermelha ou verde em certos bairros e avenidas da Grande Goiânia já é algo pensado duas vezes por alguns moradores dessas regiões. O medo é que sejam confundidos com torcedores de um time ou outro só por estarem utilizando essas cores – símbolos dos times Vila Nova e Goiás, respectivamente.

Como é o caso de uma estudante de 19 anos, que preferiu não ser identificada. Ao Portal 6, ela conta que em março de 2022 decidiu sair com alguns amigos para comer um sanduíche em um pit-dog. Um deles utilizava uma bermuda verde, o que foi o bastante para dar início às ameaças. 

“Um carro com sete pessoas parou do nosso lado e um deles disse que ia dar uma volta no quarteirão e ia voltar para dar um tiro na cara da gente”, conta.

Aterrorizados, os amigos conseguiram correr em direção a um estabelecimento próximo e se esconder até o momento em que os rapazes foram embora.

Outra situação similar aconteceu com um jovem de 23 anos no último sábado (23), em Aparecida de Goiânia.

Ao sair de casa para comprar água de côco, ele foi agredido por cerca de 30 torcedores do Vila Nova. Durante a ação, o garoto chegou a receber socos, chutes, golpes de capacete, pauladas e até pedradas no rosto. O rapaz precisou ser hospitalizado e recebeu alta na terça-feira (26). 

“Ele foi confundido. Eles acharam que ele era do time rival, pois minutos antes eles [pessoal do Vila Nova] tinham trocado tiro com a torcido do outro time em outro setor”, conta a esposa de uma vítima que também preferiu não ser identificada.

Além das agressões, um dos homens ameaçou atirar no rapaz, mas foi impedido com a chegada da polícia. 

“Senti muito medo, pois nunca pensei que isso iria acontecer, pelo fato da gente não fazer parte disso”, desabafou a esposa.

Apesar de chocantes, casos como esses não são novos. Prova disso é o que aconteceu em 2019  com o estudante de Engenharia de Materiais, Lucas Souza, de 21 anos.

Ele, que nem liga para futebol, também foi uma das vítimas desse tipo de perseguição por estar com uma camiseta verde, em dia de clássico, enquanto tentava pegar um ônibus no Terminal Isidória. 

“Eu estava no terminal comprando um salgado e, no momento, passou um ônibus cheio de torcedores do Vila e vieram na minha direção. Um amigo meu que estava do lado me avisou e eu tive que gritar que não era uma camiseta do Goiás e sim de escola”, relembra.

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