Ensino de robótica nas escolas faz Goiás se destacar em competições internacionais

Equipes goianas representam quase 20% de participantes brasileiros em torneio que conta com 38 países

Emilly Viana Emilly Viana -
Equipe ‘Life’ é uma das classificadas para o Open internacional, que será realizado pela primeira vez no Brasil. (Foto: Arquivo Pessoal)

Referência em torneios de robótica do país, Goiás também desponta como um dos principais estados a marcar presença em peso nas competições internacionais do ramo. Um capítulo à parte no currículo de algumas escolas, a ciência desperta cada vez mais interesse entre os jovens.

Com projetos de ‘gente grande’, estudantes de 09 a 16 anos vão até o Rio de Janeiro na próxima semana disputar uma competição internacional – a FIRST LEGO League International Open Brazil. Realizado entre os dias 5 e 7 de agosto, o torneio aberto internacional será realizado pela primeira vez em território brasileiro.

De 31 equipes nacionais, classificadas para a etapa com outros 38 países, seis são de Goiás. Ou seja, quase 20% dos participantes representarão o estado.

O resultado impressiona ainda mais se considerarmos uma pesquisa realizada pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). No estudo, a região Centro-Oeste, assim com a Norte, é apontada como tendo o menor índice de estudos sobre robótica educacional nas escolas públicas, com 6%. O Sudeste, para se ter uma ideia, contabiliza 36% das formações ministradas nestas instituições pelo país.

No estado, os colégios do Serviço Social da Industria (SESI) lideram o ensino de robótica. Há nove anos a disciplina é uma rotina nas unidades. “Desde cedo, por volta de 6 anos, já está na grade curricular como item obrigatório. Então, ele já cria intimidade com o assunto e desenvolve habilidades de linguagem de programação”, conta a Quissinia Freitas, Gerente de Educação Básica do SESI Goiás.

Além de futuros engenheiros e engenheiras, a instituição quer formar alunos mais envolvidos com a comunidade. “É o que mais encanta na área: crianças e adolescentes trazendo soluções para problemas reais, por meio da tecnologia”, destaca.

Embora nem todos levem o primeiro lugar, a participação no Open, por si só, já traz diversos ganhos. “Desenvolver essas crianças e jovens é o objetivo final. Esses estudantes estão produzindo e defendendo seus projetos, aprendendo a cooperar, a agir com ética e ter novas ideias. E em um campeonato como esse, eles são ainda mais desafiados”, reflete.

Os competidores

Uma das classificadas para o torneio é a equipe Life, do SESI Canaã, em Goiânia. O técnico Victor Morais, que orienta os trabalhos do grupo há três anos, diz que ainda se surpreende com os resultados. “Vendo esse alunos, tão novos, apresentarem soluções de cair o queixo é sempre recompensador”, lembra.

Para ele, Goiás se destaca pelo investimento e pré-disposição dos jovens. “Acredito que o sucesso dos goianos tem se dado porque por investimento na área, pelo SESI e até por parte do poder público. E também é evidente como se trata uma geração bem mais interessada a aprender novas tecnologias”, aponta.

Com alunos do 6º ao 9º ano, a Life desenvolveu a Poliblanket – uma manta térmica para frascos de vacina, que conserva a temperatura e garante que elas estejam próprias para uso durante o transporte. “Os meninos perceberam que grande parte das vacinas chegavam aos postos de saúde avariadas e que essas avarias ocorriam devido à oscilação de temperatura ocorrida nesta logística”, afirma.

Uma solução semelhante foi pensada pela Stars Guardians, do SESI de Campinas, equipe do técnico Leandro Hall. Composta por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e 1º do Ensino Médio, eles também foram classificados para o Open.

“O dispositivo inteligente pensado pelo grupo monitora as vacinas no transporte da fábrica até os locais de aplicação. Os alunos deram o nome de Imune Guardian, pois se o imunizante perder temperatura, vai ser resfriando automaticamente pelo sistema. A Secretaria de Saúde e alguns institutos já demonstraram interesse”, comemora.

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