Equador volta a decretar estado de exceção após ataque matar 5 em Guayaquil

Principais medidas do decreto é a suspensão da inviolabilidade de domicílio, permitindo que a polícia inspecione as casas dos moradores

Folhapress Folhapress -
(Foto: Flickr)

O governo do Equador voltou a decretar estado de exceção na cidade de Guayaquil, onde fica o principal porto do país, depois de um ataque com explosivos que matou cinco pessoas no fim de semana.

Uma das principais medidas do decreto é a suspensão da inviolabilidade de domicílio, permitindo que a polícia inspecione as casas dos moradores. Ele também torna proibidas as aglomerações na cidade e nas vizinhas Durán e Samborondóne, e dá às autoridades o poder de examinar itens enviados por correio.

“É importante que colhamos muita informação”, disse o ministro do Interior, Patricio Carrillo, em visita a Cristo del Consuelo, bairro popular onde aconteceu o incidente.

No domingo (14), duas pessoas a bordo de uma moto lançaram um pacote explosivo, que matou cinco pessoas -todas sem antecedentes criminais, segundo a polícia e feriu 17, duas das quais estão em estado grave. Além disso, as bombas destruíram paredes de casas próximas e danificaram quatro veículos e uma moto. O ministro disse que os artefatos eram caseiros.

O local amanheceu bloqueado por cordões de segurança e patrulhado por dezenas de agentes, que chegaram depois do decreto de estado de exceção. Segundo o ministro, Guayaquil, com 2,8 milhões de habitantes, é “a região com maior número de homicídios intencionais” do país, reunindo 32,5% dos casos. Somente este ano, 861 pessoas foram assassinadas na cidade.

Carrillo afirmou que, desde a imposição do estado de exceção, 11 incursões foram feitas na cidade, com a detenção de cinco pessoas. Explosivos, armas e drogas também foram apreendidas, ele acrescentou, sem dar detalhes.

O ataque foi classificado como um ato terrorista pelas autoridades, que ofereceram US$ 10 mil para quem fornecer informações sobre ele -o caso está longe de ser o primeiro com explosivos no país; entre janeiro e agosto, a polícia reportou 145 casos do tipo, dos quais 72 ocorreram no distrito de Guayaquil.

Para Carolina Andrade, analista de segurança e ex-subsecretária de Inteligência, o estado de exceção é uma solução paliativa. O governo de Guillermo Lasso determinou em abril a mesma medida nas províncias de Guayas (cuja capital é Guayaquil), Esmeraldas e Manabí devido à ação do narcotráfico.

Segundo ela, o governo ainda não conseguiu lidar com o crime organizado de forma estrutural.

“Quando não há acesso aos serviços do Estado, o narcotráfico se faz presente e toma seu lugar, por isso é importante preveni-lo.”

Billy Navarrete, diretor da Comissão Permanente para os Direitos Humanos, compartilha dessa opinião. Ele afirma que “as respostas aos últimos acontecimentos criminais no país têm sido bastante anacrônicas e se limitam a reforçar o controle policial e militar”.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador já apreendeu mais de cem toneladas de droga no primeiro semestre de 2022.

Nos últimos anos, o país viu um incremento da presença de facções do crime organizado nacionais e estrangeiras, numa crise agravada com o acordo de paz entre o Estado colombiano e a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em 2016. Desde então, dissidentes que não aceitaram se desarmar buscaram refúgio em países da região.

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