Organização criminosa que atuava em Anápolis corrompia agentes públicos e fraudava licitações há anos

Promotor detalha ação da rede criminosa que se estabeleceu em Goiás nos últimos 13 anos e respingou no Centro Administrativo

Rafael Tomazeti Rafael Tomazeti -
Dinheiro apreendido pelo Gaeco durante operação. (Foto: MPGO)

A organização criminosa que atuava em Anápolis e outros 33 municípios de Goiás tinha um líder e participava de licitações forjadas desde 2009.

Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), uma rede de integrantes foi montada a partir desta liderança para operar o esquema fraudulento.

“O líder dessa organização criminosa montou uma rede de integrantes com o que chamamos de núcleo de parceiros. Eram pessoas, empresários, que se valiam dessas empresas ligadas a esse chefe, utilizadas para simular concorrência de licitação entre si. Da mesma forma, esses parceiros forneciam [empresas] a esse líder para que ele pudesse fazer esse esquema de fraude em licitação em outros municípios”, disse o promotor Paulo Parizotto, em entrevista ao Portal 6.

O promotor explicou que a rede ganhou uma capilaridade muito grande no estado e corrompia agentes públicos, por isso conseguia agir em tantas cidades e regiões diferentes.  “Eles acabavam se infiltrando e corrompendo agentes públicos”.

Em Anápolis, nenhum servidor público municipal foi alvo da operação. No entanto, a Prefeitura e a Câmara constam como investigados, e um mandado de busca e apreensão foi cumprido no Centro Administrativo. O empresário Werlan Vieira de Moura, dono da Nobel, foi preso no âmbito da Limpeza Geral.

Parizotto explicou que, em alguns dos municípios, “há indícios fortes do envolvimento de alguns agentes públicos”. Em outras cidades, eles foram alvo da operação.

Como funcionava a fraude

De acordo com o MPGO, o grupo tinha várias empresas de fachada, que concorriam entre si em licitações forjadas entre 2009 e 2022. Desta forma, um empresário ligado à organização criminosa garantia a concorrência pública.

“A maioria dessas empresas de fachada tinha em seus contratos sociais uma gama de atividades econômicas que, em tese, prestavam. Mas elas não tinham know-how, estrutura, funcionários registrados ou sequer endereços constituídos. Eram empresas que estavam em nomes de laranja”, explicou o promotor.

Os empresários que faziam parte do esquema ainda forneciam notas fiscais falsas e atuavam para desviar recursos públicos em alguns casos.

Próximos passos

A partir da 2ª fase da Operação Limpeza Geral, o MPGO vai agora, de acordo com o promotor Paulo Parizotto, “concluir a investigação e apurar mais detalhadamente como acontecia o esquema em cada município”.

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