Tradutores de Libras ainda são escassos em Anápolis, mas campo de atuação cresce

Salários variam de acordo com o local e ainda há poucos profissionais formados. Cumprimento da legislação é cobrança

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Segundo a lei, todos os locais de atendimento ao público deveriam contar com um intérprete tradutor. (Foto: Arquivo Pessoal/ Kilber Siqueira)

Com poucos profissionais formados na área, a profissão de tradutor intérprete de libras ainda é um desafio em Anápolis.

Bacharel em Letras Libras, Kilber Siqueira Gomes, revelou ao Portal 6 que na Lei consta que as pessoas surdas têm o direito de contar com um intérprete em todos os locais de atendimento público, o que abre infinitas possibilidades para aqueles que são qualificados.

“Analisando a lei, a gente percebe que o surdo tem direito ao acompanhamento do tradutor intérprete em tudo que diz respeito ao atendimento ao público, ou seja, a gente pode pensar aí em um rápido, em um hospital, na delegacia, em um posto de saúde. Enfim, tudo que diz respeito ao atendimento ao público. Então, se imaginarmos a questão de legislação, são infinitas as possibilidades”, afirmou.

No entanto, a realidade está distante do que dispõe a lei. “É claro que para a lei ser cumprida leva um tempo, e estamos ainda engatinhando na direção dessa inclusão verdadeira”, lamentou.

Apenas em Anápolis, Kilber destaca que a quantidade de profissionais especializados na área não deve passar de 20, mesmo havendo uma maior quantidade de pessoas atuando como intérprete.

O profissional lembra que a lei não exige formação superior aos intérpretes, o que faz cair a qualidade dos serviços.

“Como no Serviço Público as exigências são bem baixas, muitas vezes a pessoa faz um curso de 40h, que seja, e vai para a sala de aula atuar. As vezes, o Serviço Público passa o concurso para uma área, mas ele tem o curso de libras mais ou menos e muitas vezes acaba colocando esse colaborador que não tem tanta preparação para a sala de aula”, apontou.

Inclusive, o intérprete relata que a educação em geral é o espaço que mais absorve os tradutores e por tal motivo, é onde mais se encontra intérpretes.

De todo modo, ele comemora que o mercado de trabalho está começando a abrir mais lugares para que os profissionais possam ocupar, principalmente por conta da luta das próprias pessoas com deficiência (PCD).

“Mas, já estão abrindo outros nichos. Então, o mercado de trabalho está abrindo cada vez mais espaço para esse profissional, por questão de força de lei, porque o surdo está cada vez mais entendendo seu próprio direito, então ele está exigindo mais”, comentou.

Há grandes discrepâncias, de acordo com ele, para salários de intérpretes de libras. O reconhecimento da profissão, diz, é um problema.

“Nós temos aí uma lei que reconhece a profissão, mas que na verdade tirou muitos dos direitos dos intérpretes. Muitas coisas que já tinham conquistado foi retirado, e é uma profissão que ainda não tem um piso salarial. Então você vai ver aí interprete ganhando um salário mínimo, principalmente no setor público, e intérprete ganhando aí R$ 8 mil, R$ 10 mil”, revelou.

“Então, depende muito da atuação dele, depende muito da empresa que contrata, do serviço público. Pegando exemplo no serviço público, na Prefeitura de Anápolis ganha pouco mais de R$ 1 mil. Mas, na Rede Federal, ganha na faixa de R$ 4, R$ 5 mil em início de carreira. Então, não há uma média salarial. O que é importante notar, é que quanto maior o nível de formação, mais fácil torna de conseguir os melhores salários”, completou.

Por fim, Kilber lamenta o fato da formação específica em tradutor intérprete ser tão mal divulgada em Goiás, o que acaba por fazer com que diversas pessoas interessadas na áreas busquem apenas por cursos básicos.

“A formação superior ainda é muito importante, mas, infelizmente, a formação específica para tradutor intérprete, que é bacharelado em Letras Libras, é muito mal divulgada aqui em Goiás. Tem na UFG, mas é muito mal divulgada. Então, profissionais formados na área, são poucos, o que nós temos muitas vezes são profissionais com outras formações com Pós-graduação na área, ou com outras formações e cursos na área”, afirmou.

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