Entenda o que tem levado pacientes cada vez mais jovens aos consultórios psicológicos de Goiânia

Fobia social na retomada ao presencial após a pandemia também está entre os motivos que contribuíram com adoecimento mental da população

Emilly Viana Emilly Viana -
Centro de Goiânia. (Foto: Arquivo/Carlos Siqueira/UFG)

Na pandemia, era o isolamento e o medo de perder o emprego, familiares e até a própria vida que levava os goianos – a exemplo do restante do mundo – ao divã. Agora, oito meses do fim oficial da emergência de saúde pública global são as redes sociais e a polarização política que faz moradores do estado, cada vez mais jovens, procurarem atendimento psicológico.

Para a psicóloga Soraya Oliveira, as duas causas também são afetadas pelo momento de readaptação ao presencial. Segundo a especialista, retornar os relacionamentos sem a mediação de ambientes virtuais foi um novo desafio deixado pela pandemia, que ainda repercute tanto entre os pacientes “novatos” quanto aos que retornam ao consultório.

“Quando nós conversamos com colegas, notamos que o movimento está grande e que o perfil tem sido de pessoas mais novas, até mesmo os adolescentes. Sair do isolamento é tão complicado como entrar nele, há a necessidade de adaptação e surge uma nova fobia, a do social e de se abrir para as relações”, descreve.

Psicóloga Soraya Oliveira. (Foto: Arquivo Pessoal)

A tensão que surge neste momento, de acordo com Soraya, é amplificada pelas redes sociais. É a ferramenta, indispensável na rotina profissional e pessoal, uma das principais alimentadoras de fatores que levam à ansiedade. “É um ambiente que, quando usado em excesso, estimula a comparação de forma desiquilibrada e o descolamento da realidade, com a apego às relações superficiais e informações nem sempre verdadeiras”, avalia.

Um novo fator, contudo, piorou um cenário que já caminhava para o adoecimento mental da população de Goiás: a política. Conforme narra a psicóloga, a disputa entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que dividiu o país também trouxe grandes transtornos para os pacientes no estado. “A primeira consequência foi o término de relações próximas, como familiares que se afastaram e casais que se separaram”, diz.

Neste contexto, a reprodução de fake news e bolhas políticas na internet também contribuíram para quadros de ansiedade e depressão. “Não ter acesso a opiniões divergentes e ter que desconfiar de tudo e de todos gerou muito ódio e agressividade. Esse ambiente tóxico também deixou as pessoas mais solitárias e isoladas, levando parte delas a procurar ajuda”, afirma.

Neste mês, entidades e profissionais alertam para os cuidados com a saúde mental com a campanha ‘Janeiro Branco’. Em Goiás, a ação é comtemplada inclusive pela rede pública estadual, que tem intensificado a divulgação dos locais com atendimento psicológico nos municípios.

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