Anápolis não precisava fazer uma nova dívida de R$ 100 milhões, pois tínhamos outro caminho

"Estou convicto mais do que nunca de que não tem o 'herói sabichão' com todas as soluções"

José Fernandes José Fernandes -
(Foto: Ilustração/ Reprodução)

Estou absolutamente sensível e disposto a ajudar, preocupado com as pessoas que foram afetadas. Aliás, minha origem é na invasão do Anápolis-City e diversas vezes a casa onde morei ficou inundada de lama. Eu conheci e vivi essa realidade. Agora deixe-me dizer algumas verdades.

A Câmara Municipal aprovou, nesta quinta-feira (16), um projeto de lei autorizando o senhor prefeito a contrair dívidas de até R$ 100 milhões.

O argumento é que esse dinheiro será usado para fazer obras de infraestrutura em locais atingidos pelos recentes temporais.

Agora, o montante total da dívida é de R$ 600 milhões. O senhor prefeito afirmou que esse valor faz parte do investimento que será aplicado na cidade, no total de R$ 1 bilhão.

Ocorre que na noite que divulgou o chamado Anápolis Investe, citando diversas obras, não explicou essa péssima fonte. Mais dívidas. Deu a entender que esses valores já estavam no caixa da Prefeitura.

Estou realmente em dúvida. Para chegar a R$ 1bi, faltam R$400 milhões. Será que passaremos mais uma vez pelo dissabor de votarmos mais empréstimos?

Quinta-feira (17), eu votei contra e explico. Fazendo analogia às diversas situações críticas que trabalhei como cirurgião e tive que agir em meio a feridos e mortos, sempre temos a estratégia de aplicar o DAMAGE CONTROL (controle de danos).

Nossa cidade está sob o decreto de emergência por UM ANO. O que significa isso na prática? Uma das coisas é que poderão ser feitas contratações diretas, dispensando licitação.

Assim como na medicina, temos que agir sob o prisma de controle de danos. Apontei quatro soluções no momento da sessão:

1 – Usar parte dos R$ 500 milhões já aprovados anteriormente, sem endividar mais nossa cidade.

2 – Procurar o Governo Federal e Estadual para nos ajudar. A Lei Federal 12.608/2012 existe para isso. Até agora não vi ações nesse sentido.

3 – Conversar com a sociedade e construirmos ações em conjunto.

4 – Gastar o dinheiro público após o diagnóstico e prioridades. Podemos começar cobrando da empresa contratada em março de 2022 por R$ 19 milhões. A finalidade dessa contratação inclusive é elaborar projetos de infraestrutura.

Que tal começarmos pelo Plano Municipal de Redução de Riscos? Ahhhh! Não tenho certeza, mas parece que a empresa não está em atividade aqui desde o final do ano passado. Nem sei o que produziu ainda, mas há requerimentos pedindo essas informações.

Estou convicto mais do que nunca de que não tem o “herói sabichão” com todas as soluções. E também, de que Anápolis precisa dos anapolinos.

É isso.

José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.

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