Goiás registra apagão de mão de obra na construção civil e em outras duas áreas

Baixos salários, informalidade, falta de qualificação e preconceito são algumas das razões desse cenário

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Divulgação)

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), falta mão de obra no setor de construção civil em Goiás. Entre os principais motivos revelados pela pesquisa estão a informalidade, falta de qualificação e o preconceito envolvido com trabalho manual. No entanto, o problema na construção civil identificado pelo IEL Goiás em conjunto com o Sebrae se estende para outros setores no estado.

De servente, passando por azulejista, até engenheiro civil. “A escassez de mão de obra está presente em todas as etapas do processo de construção, desde os fundamentos até a finalização”, explica Sandra Márcia Silva, gerente de desenvolvimento empresarial do IEL Goiás.

A pesquisa destaca a informalidade e falta de interesse como entraves – sendo que 48% sentem-se discriminados. “Precisamos trabalhar mais reconhecimento. As pessoas precisam entender a importância desse trabalho”, defende Sandra Márcia.

Além disso, Sandra aponta baixos salários como um dos motivos por trás desse desconforto – em Goiás um pedreiro ganha aproximadamente R$ 2.335.

Para se ter ideia, Oldair de Paiva, de 45 anos, trabalha como pedreiro especializado em serviços de acabamento e cerâmica há 15 anos. “O setor sempre teve altos e baixos. Não trabalho com carteira assinada há 10 anos, hoje só trabalho com diárias”. Paiva afirma que a diária em Goianápolis, onde mora, é cerca de R$ 130. No âmbito informal, o valor salta para R$ 4.092.

Outros setores

Segundo a diretora da APOIO Consultoria de Negócios, Dilze Percílio, entre as áreas que mais sentem esse apagão, estão: tecnologia e marketing. “Principalmente a área de desenvolvimento de software, jogos e aplicativos.”, afirma.

Para a especialista, a solução para a falta de mão de obra está no investimento em capacitação por parte do Governo Federal e Municipal, sindicatos e empresas.

“Desde 2015, com a chamada Quarta Revolução Industrial, os processos se tornaram mais complexos, o que gerou mudanças na importância do profissional e nos resultados esperados pelas empresas. Enquanto as empresas precisam de pessoas mais capacitadas e inteligentes, elas questionam o modelo tradicional de trabalho.”, explica.

Percílio afirma que há pessoas que não possuem a capacitação necessária para ocupar cargos no mundo corporativo que são atraídos pelo trabalho informal porque visam maiores lucros a curto prazo.

Em Goiás, de acordo com a especialista, os salários são notavelmente baixos, por conta do rápido crescimento do estado, que ultrapassou a velocidade da estruturação das empresas. “Goiás precisa melhorar o pacote de benefícios para além do salário”, defende.

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