Método inovador desenvolvido em Goiás pode ser alternativa para doença séria que causa cegueira
Ao Portal 6, autora explicou como funciona a metodologia que desenvolveu a partir de nanotecnologia
Um projeto inovador desenvolvido por uma pesquisadora em Goiás pode ser a nova alternativa para o tratamento de uma doença que causa cegueira no centro de visão das pessoas.
Maria Carolina Andrade Guerra, pesquisadora da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) em Belo Horizonte (MG) e doutora em Nanotecnologia Farmacêutica pela Universidade Federal de Goiás (UFG), explicou ao Portal 6 um pouco mais sobre a metodologia que ela desenvolveu.
A especialista criou um dispositivo – que se assemelha a um bastão da espessura de um grafite, mas em escalas milimétricas – que é aplicado dentro do olho, na região conhecida como vítreo (uma substância que preenche o globo ocular).
Assim, esse aparelho permite o tratamento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), doença crônica que é uma das principais causas de cegueira irreversível em adultos acima dos 50 anos.
“Ela não causa a perda total de visão, mas atua no centro da visão. Em estágios avançados, a pessoa fica incapaz de ler, ver TV, dirigir, reconhecer pessoas, entre outras atividades corriqueiras. Cerca de 10% da população idosa é acometida com essa condição”, explicou Maria Carolina.
A farmacêutica revelou também que já existe uma forma de tratamento da DMRI. No entanto, ela consiste em aplicar um medicamento no olho a cada quatro semanas com uma injeção, o que é muito incômodo para o paciente.
Além disso, o uso da agulha pode causar inflamações e descolamento da retina, levando à cegueira. Assim, muitos acabam abandonando o tratamento, deixando de cuidar da doença.
Portanto, o dispositivo de Maria Carolina seria uma alternativa à essa injeção para os pacientes e uma forma de aumentar a adesão ao tratamento da patologia.
Isso porque o implante aumentaria o intervalo de tempo entre as aplicações do medicamento e reduz a possibilidade de reações adversas.
Além disso, o aparelho é biodegradável, se desfazendo após algum tempo dentro do olho da pessoa, sem causar prejuízos. O dispositivo também gera menos efeitos colaterais que a outra forma de aplicar os medicamentos.
O tratamento com o uso do mecanismo ainda está em fase de estudos, ainda que os resultados já sejam promissores e indicam que seja seguro para a retina.
No momento, ainda faltam testes que avaliem o perfil de liberação e eficácias em animais e posteriormente em humanos.