Ginecologista de Anápolis, Nicodemos Júnior é condenado a mais de 250 anos de prisão por estupro

“A medicina existe para curar as pessoas, não para feri-las ainda mais", observou a juíza ao proferir a decisão

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Nicodemos Júnior em entrevista à RecordTV após receber liberdade provisória, no dia 04 de outubro. (Reprodução/RecordTV)

Nicodemos Júnior Estanislau Morais, o médico ginecologista anapolino que estampou os jornais após abusar sexualmente das pacientes, foi condenado a mais de 250 anos em regime fechado.

A responsável pela sentença foi a juíza titular da 2ª Vara Criminal da comarca de Anápolis, Lígia Nunes de Paula. O homem foi condenado pelo crime de estupro de vulnerável cometido contra 21 mulheres de Anápolis.

Foram dois processos julgados pela magistrada, um em que a sentença foi de 163 anos de prisão pelo crime cometido contra 12 vítimas, e outro contra 09 mulheres, de 114 anos. Ao todo, o homem responderá por 277 anos, 02 meses e 19 dias em reclusão.

A decisão da juíza envolveu os dados do Conselho Nacional de Justiça, que revelam que, em 2022, surgiram 25.875 novos processos criminais com delitos contra a dignidade sexual. Deste número, a justiça estadual goiana registrou 1.492.

Embora o médico tenha afirmado ter criado uma “técnica de anamnese mais completa” em que examinava as pacientes detalhadamente, a magistrada afirmou que o suposto zelo era uma ação sexual mascarada.

“A medicina existe para curar as pessoas, não para feri-las ainda mais. Essa indispensável profissão, apesar de fundamental para a manutenção sadia da coletividade, não se sobrepõe a direitos de estirpe constitucional e tutelados pelo direito penal, como, dentro outros, o direito à liberdade e dignidade sexual”, observou a juíza.

Nicodemos se tornou alvo de investigação depois que mulheres procuraram a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Anápolis com denúncias de que foram vítimas de crimes sexuais dentro do consultório médico.

Em abril de 2022, o médico recebeu a condenação de 35 anos de reclusão por conta dos crimes cometidos contra as três primeiras mulheres. Além disso, foi determinado que ele deveria pagar indenização por danos morais a duas das vítimas, no valor de R$ 20 mil cada.

No entanto, com a repercussão do caso, outras se manifestaram.

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