Casal de lésbicas vence processo e consegue reconhecer dupla maternidade nos registros do bebê, em Goiás

Além da sentença, os pais da mãe socioafetiva também foram incluídos no registro civil da criança como avós

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
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Também foi imposto a convocação dos profissionais já aprovados (Foto: Divulgação)

A Justiça de Goiás reconheceu a dupla maternidade de um casal na certidão de nascimento de um bebê de 9 meses, gerado por inseminação artificial caseira. A decisão foi dada na quarta-feira (04) pela juíza substituta na 1ª Vara de Família da comarca de Goiânia, Luciane Cristina Duarte da Silva.

Com a sentença, além do reconhecimento da mãe socioafetiva – ou seja, a que não gerou o menor – os pais dela também foram incluídos como avós do bebê no registro civil.

Em justificativa, a matriarca afirmou que os princípios de dignidade da pessoa humana e o pluralismo das entidades familiares são coisas amparadas constitucionalmente. Segundo ela, as mulheres constituíram uma família e a mãe socioafetiva tem o direito de ter o nome nos documentos de nascimento da criança.

“O bebê foi gerado em uma família composta por duas mães, que juntas exercem a maternidade desde a concepção. Sem dúvidas, a criança considerará ambas como suas mães, e por elas é considerada filho. Dessa forma, cabe ao mundo jurídico apenas declarar o que já existe de fato, em respeito à liberdade, à igualdade e ainda ao dever de não-discriminação às várias formas de família e aos filhos que delas se originem”, frisou.

As mães da criança têm um relacionamento desde 2014 e se casaram em julho de 2022. Pouco tempo depois, elas optaram por realizar uma inseminação caseira, com um doador voluntário que conheceram pela internet e com quem não mantêm mais contato.

Uma delas engravidou enquanto a outra acompanhou toda a gestação, incluindo as idas ao médico e oferecendo suporte nas consultas quando a gestante passava mal.

Em depoimento, a genitora ainda alegou que a esposa trata a criança como mãe, oferecendo carinho, amor e atenção, além de prestar assistência material, educacional e afetiva com o bebê.

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