Pichações, paredes rachadas e precariedade formam cenário de prédios Art Déco em Goiânia

Prefeitura de Goiânia se limitou a informar que situação atual resultado da prática de vândalos

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Biblioteca Municipal Cora Coralina Goiânia (Foto: Patrick Afonso/Portal 6)

Em 2024, Goiânia completará 20 anos do tombamento de 22 bens pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Porém, o tempo passou e as construções históricas não só foram submetidas à inércia da prefeitura, como deixadas de lado, consumidas pelo tempo.

Quase duas décadas depois, em uma tentativa de enaltecer a história da capital, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) chegou a conceder o título de Capital Art Déco no começo do mês. A denominação – a nível estadual -, no entanto, lança luz sobre a situação atual das construções.

As obras contam histórias de um passado distante e esquecido – fechando as portas para um potencial turístico milionário. Trata-se do segundo maior acervo do estilo do mundo, atrás apenas de Miami, mas a administração local ainda não conseguiu se organizar minimamente para garantir o título a nível mundial – e esse ano não será diferente.

Quem concede a denominação de Capital Art Déco internacionalmente é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sendo que o prazo para realizar o processo preliminar se encerra em 15 de setembro.

Essa primeira etapa envolveria levantamentos das construções, análise das plantas, da manutenção, entre outros fatores. Contudo, segundo o ex-presidente da Sociedade Goiana de Art Déco e produtor cultural, Gutto Lemes, “não temos condições esse ano. Vamos tentar no próximo”.

A segunda etapa é a inscrição efetiva, que resulta em análises minuciosas e, eventualmente, o título reconhecido a nível mundial. “A cidade poderia crescer artisticamente. Teríamos pessoas viajando para Goiânia só para ver os prédios. Em Nova York, fazem fila para uma única construção. Só no Centro, temos 19”.

Caracterizados pelos ornamentos, cores típicas e materiais brilhosos, o que se encontra em muitos casos são paredes rachadas, pinturas antigas e pichações que cobrem as obras.

Grande Hotel, em Goiânia (Foto: Patrick Afonso/Portal 6)

Edifícios como o coreto da Praça Cívica, antigo Grande Hotel e Biblioteca Municipal Cora Coralina foram construídos na capital na década de 1930, mas são sinais de descaso da Prefeitura de Goiânia, de acordo com Gutto.

(Foto: Patrick Afonso/Portal 6)

“As construções não estão bem cuidadas. A prefeitura começou a preservar o patrimônio agora”, afirmou. Ele ainda aponta que não existe uma força-tarefa para fiscalizar ou incentivar o reconhecimento da arquitetura.

“Temos lei para manter as fachadas limpas desde 2018, o que permitiria ver as construções, mas ninguém fiscaliza, por exemplo”.

A Secretaria Municipal de Cultura (Secult) é a responsável por manter o acervo arquitetônico em bom estado, junto com o Iphan. Contudo, questionado pelo Portal 6, o órgão regional resume que o vandalismo é o principal problema de conservação.

O organizador do Goiânia Art Déco Festival defende que o título de Capital Art Déco irá fazer com que olhos internacionais sejam voltados para a cidade. Sob pressão, os órgãos competentes, em tese, dedicariam esforços para atrair turistas e manter a aclamação.

Coreto da Praça Cívica (Foto: Patrick Afonso/Portal 6)

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