Cirurgião cardíaco dará férias coletivas para equipe em forma de protesto contra Prefeitura de Anápolis

Único profissional que realiza procedimentos do tipo pelo SUS na cidade, Walter Vosgrau lamentou a longa fila de espera e a falta de ação das autoridades

Samuel Leão Samuel Leão -
Walter Vosgrau é médico e cirurgião cardiovascular. (Foto: Ismael Vieira)

Em um protesto contra a inação da Prefeitura de Anápolis, em especial através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), o único cirurgião cardíaco que atua pelo Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade, Walter Vosgrau, anunciou uma paralisação.

Por meio de um comunicado, entregue à Câmara Municipal, ao Ministério Público e à própria Semusa, o profissional destacou que resolveu “dar férias coletivas de 20 dias” – a serem contabilizadas a partir da próxima sexta (21) – para toda a equipe cirúrgica, salvo em casos de urgência e emergência.

A medida adotada pelo médico vem acompanhada de um teor de queixa, por conta do impasse que segue impedindo a retomada das cirurgias cardíacas no município, mesmo com uma longa fila de espera e pessoas em situações gravíssimas – podendo, inclusive, morrer a qualquer instante.

Desde a formação inicial da fila, cinco moradores de Anápolis perderam a vida aguardando por atendimento. Atualmente, 38 seguem esperando.

Segundo o profissional, os procedimentos não estão sendo realizados desde junho de 2022. “A Semusa sequestrou todas as AIH’s disponíveis […] estamos sem acesso aos pacientes”, afirmou no manifesto.

Documento foi encaminhado para a Semusa, MP e Câmara Municipal.

Em entrevista exclusiva ao Portal 6, Walter lamentou a postura adotada pela gestão municipal e ressaltou que as demandas seguem sendo repassadas para outras cidades, mesmo em atividades mais simples de serem realizadas.

“A resposta do município para resolver o problema tem sido se livrar dele, jogando para o Estado. A partir do momento que ele faz isso, não existe vontade nenhuma de querer resolver. Meus pacientes têm sido encaminhados para Goiânia”, revelou.

“O fluxo já estava lento, agora não estou conseguindo fazer nenhum tipo de cirurgia. Sequer questões mais simples, como cateterismo ou marca passo, estão sendo realizadas, coisas que poderiam ser resolvidas aqui em Anápolis mesmo. Já perdi dois pacientes recentemente e tenho um correndo grave risco de morte”, completou.

Apesar da tentativa de ultimato à Prefeitura, o cirurgião admite estar pessimista quanto ao resultado do movimento.

“Sinceramente, do jeito que estão tratando a saúde de Anápolis, não espero absolutamente nada, não crio expectativas. Mas, ainda assim, o faço por saber que é uma responsabilidade minha tentar tudo que for possível e estiver ao alcance” finalizou.

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