“Se continuar sem poder trabalhar na sexta, a feira vai quebrar”, alerta presidente da Associação da Feira Hippie

Waldivino da Silva aponta que o dia representa aproximadamente metade das vendas

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Feira Hippie é considerada uma das maiores feiras da América Latina (Foto: Reprodução/Youtube)

Enquanto comerciantes da Feira Hippie aguardam o parecer da Prefeitura de Goiânia para a liberação da atividade às sextas-feiras, eles perdem cerca de 10 mil clientes por dia inativo, segundo o presidente da Associação da Feira Hippie, Waldivino da Silva.

Após reunião entre representantes dos feirantes e do poder público, a solução – ou não – para o problema havia ficado marcada para a última segunda-feira (17). Na ocasião, entretanto, a Prefeitura pediu um alargamento do prazo para a tomada de decisão – reagendando então para primeira semana de agosto, ainda sem data cravada.

Porém, Waldivino adiantou ao Portal 6 que circula a possibilidade da reunião ser adiada novamente, desta vez para o dia 14 de agosto.

Realizada tradicionalmente às sextas, sábados e domingos, a Feira Hippie é considerada uma das maiores feiras da América Latina. A Associação possui 3.600 filiados, mas, ao todo, são cerca de 5.600 feirantes que participam do evento.

“Diminuiu um pouco com a pandemia, mas temos muitas pessoas que estão só esperando a normalização da feira para voltarem”, apontou o presidente.

Após o fim do isolamento social, a Prefeitura de Goiânia determinou que os feirantes poderiam atuar somente aos sábados e domingos – o que vem causando uma diminuição de pelo menos 40% do movimento, segundo Waldivino.

Em determinados períodos, como em épocas de feriados, feirantes recebem a permissão para atuarem às sextas. Contudo, o presidente afirma que é necessário que a decisão seja definitiva para que o comércio possa se desenvolver novamente.

Enquanto sexta é o dia mais significativo para atender clientes – interessados em compras no atacado – que vêm de outras cidades, ele explica que sacrificar domingo também impactaria o comércio, já que é quando o morador da capital escolhe fazer as compras, no varejo.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), afirmou que a escolha de abdicar da sexta-feira partiu da própria classe.

“Em fevereiro de 2021, a Prefeitura de Goiânia atendeu a categoria com a publicação de uma portaria que alterava o funcionamento da feira para sextas e sábados. No entanto, trabalhadores definiram, à época, pela permanência aos sábados e domingos. ”

“Se continuar sem poder trabalhar na sexta, a feira vai quebrar”, sustentou o representante, que fez um alerta para a possibilidade da tradicional Feira Hippie se tornar uma simples feira de bairro no prazo de um ano.

Questionada sobre a razão que impede o funcionamento do evento às sextas, a Sedec afirmou que ele impacta a Feira da Madrugada, que ocorre às quintas e disputa algumas horas enquanto os feirantes hippie montam as barracas pela manhã.

A Associação afirma que os filiados se sentem ameaçados, principalmente com o crescimento das galerias da região, impulsionadas pela própria feira. “Tudo ao redor veio por causa dela. Estão querendo acabar com a mãe”.

De acordo com o presidente, é de interesse dos empresários que o feirante alugue uma sala para poder vender. Porém, os valores giram em torno de R$ 2 mil ao mês, o que resultou em vários casos de vendedores que investiram tudo que possuíam e foram forçados a voltarem às bancas.

Diante dessa realidade, enquanto aguarda um posicionamento concreto da Prefeitura, a Associação já se prepara para uma negativa. “Precisamos das sextas, é imprescindível. Se não liberarem, vamos continuar com as manifestações. Não brigar é deixar a feira acabar.”

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