Aos 17 anos, goiano entra na lista dos 50 melhores do mundo: “tive que sacrificar muitas coisas”
Nascido em Catalão, Henrique Peixoto Godoi fez a diferença ao abordar a inclusão de estudantes neurodivergentes nas escolas brasileiras
Com apenas 17 anos, o estudante goiano Henrique Peixoto Godoi pode se orgulhar de ser um dos que mais vêm fazendo diferença ao redor do mundo.
Isso porque ele foi um dos 50 finalistas do prêmio internacional Global Student Prize 2023, que reconhece alunos em todo o mundo que fazem a diferença na sociedade através da aprendizagem e de projetos sociais.
O adolescente, nascido em Catalão, município no Sul Goiano, foi um dos dois brasileiros selecionados, dentre 4 mil inscritos de 122 países.
Durante o ensino médio, Henrique fundou o Instituto Merzenich (IM), start up que promove olimpíadas científicas voltadas à inclusão de estudantes neurodivergentes – que possuem funcionamento cognitivo fora da média esperada, como nos casos de diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, dentre outros.
O nome da iniciativa homenageia o neurocientista estadunidense Michael Merzenich, uma das inspirações do goiano, que pretende seguir pela mesma área de atuação.
Ao Portal Terra, Henrique revelou que a organização existe há cerca de um ano e já conta com 50 voluntários do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos.
Atualmente, ela opera de maneira online em turmas entre o oitavo ano do Ensino Fundamental e o terceiro ano do Ensino Médio. No entanto, o estudante indicou que pretende dar um passo a mais.
“Agora é expandir a Olimpíada Nacional de Neurodiversidades (ONN) para que ela seja realizada de maneira impressa nas escolas e universidades públicas do Brasil. Também queremos adaptar uma Interface de Acessibilidade a Neurodivergentes (IAN), com planos de aula em formato de jogos para tornar o aprendizado dessas pessoas mais acessível e confortável”, disse ao Portal Terra.
Ainda que hoje seja reconhecido pelo sucesso com o IM, Henrique destacou que não foi um caminho fácil. Isso se demonstra pelo fato de ter que ter deixado Catalão para estudar em Goiânia.
“Tive que sacrificar muitas coisas para estar onde estou. Me mudei para estudar, porque onde nasci não tinha suporte, recursos. Mas perdi a convivência com os meus irmãos, com a minha avó, que faleceu”.
Apesar da distância familiar, o estudante disse que pôde contar com os pais durante todo o processo. “Quando o prêmio divulgou o resultado nas redes sociais, eles choraram”, relembrou.
Prestes a terminar o ensino médio, Henrique avalia as possibilidades de continuar os estudos de neurologia fora do país, mirando na prestigiada universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Para o Brasil, o objetivo é continuar atraindo os olhares para as ONN e o IM, dando continuidade ao trabalho de conscientização sobre a neurodivergência em ambientes escolares.