Faltando pouco para início das chuvas, Prefeitura de Anápolis ‘se cala’ sobre obras para impedir novas enchentes

Portal 6 buscou, por diversas vezes e meios, contato com a Secretaria de Obras e com a Assessoria de Comunicação do Centro Administrativo, mas não obteve retorno

Samuel Leão Samuel Leão -
Imagem mostra transbordamento do Córrego das Antas, na altura da Amazílio Lino. (Foto: Isabella Valverde/Portal 6)

Por quase uma semana, o Portal 6 buscou informações com a Prefeitura de Anápolis sobre alternativas paliativas ou definitivas para o problema crônico de alagamento em regiões centrais da cidade, como a Rua Amazílio Lino e a Andracel Center, por exemplo. A resposta, porém, não ocorreu nem por parte da Secretaria de Obras tampouco pela Assessoria de Comunicação do Centro Administrativo.

Após três meses do início da estiagem, e faltando cerca de dois meses para o início do período chuvoso, os moradores desses pontos já estão aflitos com a aproximação das precipitações. Isso porque a região sofre com o problema há tempos e, segundo eles, nenhum maquinário foi visto nos locais desde que as chuvas cessaram- período tido como o ideal para a realização de obras e prevenções do tipo.

“Sobre o alagamento que acontece todo ano, até hoje não veio ninguém aqui. Nem para medir. Não mexeram em nada, o povo aqui está revoltado. Está todo mundo saindo daqui”, disse Lázaro Neto, morador da Amazílio Lino, ao Portal 6.

No final de 2022 e início de 2023, diversos moradores locais passaram por momentos de desespero ao terem as casas, empresas, lojas e ruas alagadas ou erodidas.

Pontos alagamento após chuva forte em Anápolis. (Foto: Reprodução/ Twitter @DiegoLaerte)

A situação deixou diversos prejuízos e até causou mortes, mas a única resposta dada pela Prefeitura, à época, foi que as devidas reformas seriam realizadas assim que as chuvas cessassem, além do anúncio da contratação de um empréstimo de R$ 100 milhões para realizá-las.

Porém, o relógio está correndo e o tempo para concluir tais feitos é cada vez menor, já que as intervenções dependem de céu limpo e terra seca para serem concluídas.

Segundo o climatologista da UniEvangélica, Eduardo Argolo, as chuvas mais intensas estão previstas para o fim do ano. “Se chover por agora será alguma coisa rápida. A probabilidade é baixíssima. Chuva mesmo só quando chegar o verão”, relatou o especialista.

Imagem mostra a Rua Amazílio Lino, em Anápolis (Foto: Arquivo Portal 6)

Algumas respostas

Apesar de não conseguir respostas pelos meios oficiais, o Portal 6 entrou em contato com o ambientalista Antônio El Zayek, contratado pela gestão municipal para conduzir os trabalhos de recuperação e prevenção, para buscar entender o que está, de fato, sendo feito para evitar cenários semelhantes aos dos últimos anos.

“Os projetos de licitações públicas são lentos, precisamos comprovar diversas coisas e apresentar vários documentos. Estamos fazendo o processo em etapas, pois não dá para resolver uma questão gerada ao longo de cem anos de uma hora para a outra”, explicou.

Segundo ele, o projeto desenvolvido deve passar por três frentes. A primeira já teria tido início com as políticas implementadas pela Prefeitura, com o programa pró-água e a lei de desenvolvimento sustentável.

A segunda é a conscientização da população, apresentando os parâmetros estabelecidos com SBN’s [soluções baseadas na natureza], e a terceira, consequentemente, seria o estabelecimento de uma cidade resiliente e adaptável ao ciclo do meio ambiente.

“No começo de agosto deve ocorrer uma apresentação pública, para expor o projeto à cidade. Temos que entender o porquê de termos enchentes, o que ocorre devido a nossa forma errônea de ocupar o solo, interrompendo o ciclo natural da água, em especial a percolação, que geraria o reabastecimento do lençol freático”, relatou.

Por fim, Zayek reforçou a necessidade de uma política hídrica responsável, não só para evitar outras tragédias, mas também para coibir uma futura escassez de recursos.

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