CMTC desconhece vida útil e nível de precariedade dos pontos de ônibus da Grande Goiânia

Nos últimos cinco meses, duas estruturas caíram na região, causando uma morte

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
CMTC afirma que elabora um plano para a troca dos pontos, mas sem previsão de entrega (Foto: Reprodução/YouTube)

Os últimos cinco meses foram marcados por acidentes envolvendo estruturas precárias de pontos de ônibus na Região Metropolitana de Goiânia.

Quando não precisam se preocupar com os possíveis desabamentos, usuários do transporte público sofrem com o sol, chuva, falta de assento e o tradicional empurra-empurra. Tudo isso enquanto a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) e a Prefeitura de Goiânia caminham a passos lentos para resolver o problema.

A capital possui 3.791 pontos de ônibus, sendo que 1.883 destes não possuem abrigo, de acordo informações da CMTC, enviadas ao Portal 6. Já os 49% que possuem a estrutura de proteção não cumprem os objetivos básicos, como aponta o arquiteto e urbanista mestre em mobilidade urbana, Olmo Borges Xavier.

“O que vemos são abrigos iguais uns aos outros, o que não está certo. Basta passar pela Avenida T-63 por volta das 18h para ver. Um abrigo cabe 12 ou 15 pessoas, no máximo, mas ali se encontra até 100 pessoas, a maioria sem proteção”.

Isso sem considerar a série de serviços sociais que os Pontos de Embarque e Desembarque (PED) poderiam oferecer, como iluminação, horário, mapa da região, linhas, estação de recarga de celular, entre outras.

Diante da situação, o Fórum de Mobilidade Mova-se, composta por mais de 300 especialistas de todo o Brasil, vem fazendo alertas ao poder público para que os PEDs fossem tratados com prioridade para a melhoria do transporte público – antes mesmo do desabamento que resultou em morte de jovem em Aparecida, em março.

Desde janeiro, a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) solicitou que a CMTC elaborasse pesquisas e projetos para a revitalização dos pontos de ônibus, com prazo final em 25 de julho. Uma semana após a data, a companhia não respondeu se o documento foi oficializado, mas afirmou à reportagem que os estudos estão em “fase final” e sem previsão de entrega.

O Mova-se aponta que a manutenção dos pontos de ônibus são de responsabilidade do município desde 2018, porém, a companhia vem sendo pressionada para assumir a gestão. De acordo com a organização, a CMTC sequer possui a capacidade financeira ou técnica de atender as demandas.

Questionada sobre a vida útil dos PEDs atuais, quando foram instalados, custo para implantação ou reforma, a CMTC afirmou não possuir tais informações. Porém, a companhia destaca que há um plano para a troca de todos os pontos – também sem data de entrega ou detalhes de execução.

“O valor de um viaduto já daria para restaurar os abrigos da cidade inteira. É questão de prioridade. Um sistema de transporte público com o mínimo de qualidade precisa proporcionar abrigos decentes para a população”, afirmou Olmo.

Para fins comparativos, o Complexo Viário no cruzamento da Castelo Branco com a Leste-Oeste teve valor estimado de R$ 14 milhões.

Enquanto o plano não é implementado, o urbanista ainda destaca que a precariedade dos pontos resulta no abandono do transporte público – para aqueles que possuem tal condição – e a crescente insatisfação daqueles que não.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade