Levará de 02 a 03 anos para resolver enchentes em Anápolis, diz autor de Plano

Prefeito Roberto Naves havia garantido que 'a cidade não terá mais pontos de alagamento até o final de 2024'

Caio Henrique Caio Henrique -
Antônio El Zayek atua como consultor ambiental em Anápolis. (Foto: Ana Laura Zanini)

As enchentes provocadas por fortes chuvas em Anápolis são uma preocupação sempre que o período de estiagem está perto do fim. E apesar de garantir que ‘a cidade não terá mais pontos de alagamento até o final de 2024’, os planos do prefeito Roberto Naves (PP) podem demorar muito mais tempo para se concretizar.

Isso porque o prazo estabelecido pelo chefe do Executivo Municipal coincide com o fim do mandato e novo período eleitoral, mas o excesso de trabalho a se fazer é visto com outros olhos por quem é especialista no assunto.

Ao Portal 6, o consultor ambiental Antônio El Zayek, responsável pela criação do Plano de Macrodrenagem Urbana para resolver os problemas causados pelas chuvas em Anápolis, garante que não há como prever uma data definitiva, mas vislumbra que levará, pelo menos, 02 anos para que todo o planejamento seja colocado em prática.

“Caso executem tudo que foi proposto, o que a gente torce muito para que aconteça, tenho certeza que o problema será solucionado em dois ou três anos”, afirmou.

Problema crônico

Amazílio Lino, Marginal Ayrton Senna e Avenida Pedro Ludovico. Esses são alguns exemplos de vias de Anápolis que caracterizam uma antiga preocupação e angústia da população: as enchentes e alagamentos.

A geografia do município, por si só, já causa complicações em épocas chuvosas – muito por conta dos desníveis que caracterizam diversos bairros e setores. Em locais como a Rua Amazílio Lino, contudo, a situação é ainda mais grave.

Isso porque o espaço está localizado no chamado “Fundo de Vale” – que é o ponto mais baixo de um relevo acidentado, justamente por onde escoam as águas das chuvas. Tudo isso faz com que os moradores locais acendam o alerta vermelho, sempre que o período de precipitações se aproxima.

Segundo Antônio El Zayek, apesar da formação geográfica desfavorável, a massiva atuação humana nessas regiões durante as últimas décadas também fez com que a situação se agravasse ainda mais.

“Na Amazílio, por exemplo, temos relatos de ocorrência de enchentes ainda em 1955. Porém, é muito mais grave hoje porque, além de ocupar o espaço, nós impermeabilizamos toda a região, cobrindo com construções, cimentos, telhados”, explicou.

“Antes, a água batia e entrava no chão. Agora, a drenagem é mínima, então ela bate e desce carregada, gerando enchentes cada vez mais fortes”, completou.

O que será feito

Pensando no plano para evitar a ocorrência das enchentes e alagamentos, o ambientalista garante que há a necessidade de ações pontuais em locais críticos da região Central, mas que a solução real está na reabilitação de toda a bacia.

“Nossa proposta é a reconstrução urbana, a revitalização hídrica da cidade de Anápolis. Não adianta tirar a água do ponto que está se acumulando, sendo que ela segue vindo lá de cima. Isso não vai resolver o problema nunca”, afirmou.

Intituladas como Soluções Baseados na Natureza (SBN’s), as intervenções envolvem a implementação de terraços, alagados, jardins filtrantes e drenagens, tanto em parques quanto em calçadas – tudo visando uma maior condição de absorver as águas das chuvas para o solo, evitando que elas se acumulem e “desçam” no formato de enchentes.

Caso todas as ideias de Antônio sejam colocadas em prática, a cidade deve receber, de forma gradual, essas novidades em pontos específicos e estudados. Locais como a Amazílio, Marginal Ayrton Senna e Pedro Ludovico, no entanto, estão entre as grandes prioridades do plano.

As localidades estão inseridas na chamada “Matriz de Risco 1” – nível mais urgente e prioritário, dentro do planejamento proposto por Zayek, até mesmo por ofertar um risco para a população que reside por lá.

Além delas, a Avenida Goiás e a Brasil Sul também englobam a classificação e irão receber obras emergenciais.

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