Sem tratamento, pacientes com leucemia em Anápolis sofrem com descaso

Portal 6 conversou com secretarias de saúde para entender o cenário que envolve indecisões e encaminhamentos para Goiânia

Caio Henrique Caio Henrique -
Ambulatório Municipal de Oncologia (Foto: Bruno Velasco)

Desamparo. É essa a sensação que descreve a realidade de moradores de Anápolis diagnosticados com leucemia – um tipo de câncer hematológico, originado nas células sanguíneas e que não se consegue tratar na cidade.

Após o diagnóstico, é importante iniciar o tratamento o mais rápido possível. Porém, não é isso que está acontecendo, já que muitos estariam encontrando portas fechadas ao buscar ajuda profissional.

Na tribuna da Câmara Municipal de Anápolis, na sessão de segunda-feira (16), a vereadora e médica Trícia Barreto (MDB) denunciou que os pacientes estão desassistidos. Segundo ela, a quantidade de pessoas que aguarda por tratamento seria de 173.

“O pior é que Anápolis não tem pactuação com a capital. Ou seja, o paciente não é atendido aqui porque não tem o serviço, e não é atendido em Goiânia porque não existe o acordo com a nossa cidade”, pontuou.

Ao Portal 6, a parlamentar – que também é vice-presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis anapolina – destacou que o “cenário ideal” seria ter isso estruturado no próprio município.

“A melhor coisa seria conseguir se tratar aqui na cidade, até porque temos locais com estrutura para montar um atendimento especializado pelo SUS na Santa Casa, no Hospital Evangélico ou no Ânima, o que não é feito”.

Segundo a médica, a prioridade deveria ser formalizar a pactuação para que os moradores conseguissem ser atendidos em Goiânia, até porque o fator tempo é primordial nesse tipo de caso.

“Os pacientes costumam responder muito bem ao tratamento, mas ele precisa ser instaurado rápido, o quanto antes. Caso demore, a pessoa morre”, explicou.

Semusa jogou para o Estado

Questionada pelo Portal 6, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de Anápolis não comentou sobre a espera. Disse apenas que possui 165 pacientes onco-hematológico em tratamento no Hospital Evangélico Goiano (HEG), e que os casos de leucemia estão sendo repassados para o Estado.

A reportagem apurou, porém, que novos pacientes não estariam sendo acolhidos pela rede municipal, necessitando assim do encaminhamento para a capital.

Por fim, a pasta pontuou ter negociações em andamento para garantir que os pacientes sejam tratados em Anápolis, mas frisando que “os tratamentos de alta complexidade são de responsabilidade do Estado e da União”.

O que diz a Secretaria de Estado da Saúde

O Portal 6 também procurou a SES, que alegou existir a tal pactuação, destacando que o HEG e a Santa Casa de Anápolis já são habilitados junto ao Ministério da Saúde no que refere a oferta de serviços oncológicos.

Por outro lado, a pasta sustentou que as pessoas com leucemia “devem ser atendidas em Goiânia”, sob a justificativa de a capital ter duas unidades de referência no tratamento desse tipo de câncer.

Ou seja, os anapolinos teriam que passar novamente pela regulação, mas dessa vez pela da capital, para tentar o atendimento.

A secretaria confirmou ter em andamento um processo de auditoria para apoiar Anápolis na implantação e habilitação do HEG como mais um serviço de referência em onco-hematologia no estado.

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