Com BlaBlaCar, moradores de Goiânia, Anápolis e Brasília não usam mais ônibus

Motoristas e passageiros enxergam na plataforma uma oportunidade de diminuir os gastos e ter mais conforto

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
motoristas de aplicativo
Plataforma é intermediária entre motoristas e passageiros (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Sem transporte individual e com a única opção sendo enfrentar um ônibus, cada vez mais goianos estão abandonando o meio de transporte tradicional e se virando para uma plataforma inovadora de carona: o BlaBlaCar.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, por meio do Censo 2010, aproximadamente 9 mil pessoas se deslocam pelo trecho Goiânia – Brasília (DF), seja a trabalho ou para estudar.

Já entre Goiânia e Anápolis, são cerca de 6,7 mil pessoas. Entre Anápolis e Brasília, o número é de 2.105. Nessa quantidade surpreendente de viajantes, tanto motoristas quanto passageiros encontraram no BlaBlaCar uma oportunidade de trazer mais conforto e economia para as viagens.

Este é o caso de Roberto Fernandes, um morador de Goiânia que trabalha em Brasília (DF) duas vezes por semana. Desde março de 2019, ele oferece caronas na ida e volta para pessoas que também moram na capital goiana e trabalham na capital federal, e vice versa.

“Quem conhece, quer ir de carro. Só o Uber do local de embarque até a rodoviária dá mais da metade do valor da viagem. É muito mais cômodo, prático e é metade do valor de uma passagem de ônibus”, disse ao Portal 6.

Atualmente, o trajeto entre as cidades custa cerca de R$ 80 para quem escolhe ir de ônibus. Na plataforma de carona, o valor vai para R$ 40 a R$ 60.

Pedro da Silva decidiu usar o serviço por causa da economia que oferece. “Precisei ir à Brasília em junho do ano passado e ir de avião não compensava. Ir de ônibus também estava caro. Paguei R$ 55 na época”.

A experiência foi boa o suficiente para que ele usasse a plataforma novamente, em fevereiro deste ano, para retornar à Goiânia, saindo de Uberlândia (MG). “Acredito que não vou usar mais ônibus, prefiro viajar de BlaBlaCar”, afirmou à reportagem.

A economia também é um fator motivador para os motoristas, visto que o preço do combustível é compensado com os passageiros. De acordo com Makley Rodrigues de Moura, que se aderiu ao aplicativo há quatro anos, “o intuito era dividir os gastos, porque eu sou de Goiânia mas trabalho há mais de 10 anos em Anápolis. Como eu faço esse percurso toda semana, compensa oferecer carona”.

Já este motorista notou que a maior parte dos passageiros são estudantes que moram na capital e estudam, majoritariamente medicina, em Anápolis. “Tem também as pessoas de Anápolis que querem passar o fim de semana em Goiânia para ver namorada ou namorado”, contou ao Portal 6. “E o número aumentou muito depois da pandemia”.

Maria Eduarda Carneiro, uma estudante de medicina na UniEVANGÉLICA, em Anápolis, faz parte desse grupo. Ela pediu carona para ir até Goiânia, onde a família mora, três vezes este ano. Como mulher, ela afirmou à reportagem que não se sentiu insegura com o serviço, tendo conferido as avaliações dos motoristas antes das viagens, e pretende continuar usando o BlaBlaCar para o percurso.

Problemas

Embora com usuários satisfeitos, a plataforma também possui pontos que, de acordo com motoristas e passageiros, podem melhorar, principalmente no que diz respeito à segurança. Anna Gonçalves, que ofereceu e recebeu carona, apontou que gostaria que o BlaBlaCar tivesse a opção de filtrar apenas mulheres, o que a deixaria mais confortável.

Já Roberto destacou que o motorista corre risco de “levar bolo” de passageiros na hora do embarque, o que resulta em tempo e dinheiro perdido. Além disso, o motorista afirmou que a plataforma poderia oferecer um sistema melhor de garantir que os motoristas e passageiros são os descritos nos cadastros – para garantir maior segurança.

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