Médico goiano que filmou caseiro negro algemado é condenado a pagar R$ 300 mil

Juíza determinou que o profissional pagaria danos morais coletivos por considerar que toda a honra da comunidade negra foi ferida

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Márcio Antônio Souza Júnior teve R$ 2,1 milhões bloqueados na época (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O médico acusado de racismo, Márcio Antônio Souza Júnior, foi condenado a pagar indenização após colocar funcionário negro em algemas e falar que ele estava “em sua senzala”. O caso ocorreu na Cidade de Goiás em fevereiro de 2022 e foi postado nas redes sociais, recebendo atenção internacional.

A juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante condenou o médico goiano a pagar R$ 300 mil por danos morais coletivos, que será dividido entre a Associação Mulheres Coralinas e a Associação Quilombo Alto Santana.

A decisão pelos danos morais coletivos se deu por considerar que a honra coletiva da comunidade negra nacional e internacional foi ferida diante das atitudes do médico.

Acusado do crime de racismo, Márcio Antônio filmou o funcionário que trabalhava na fazenda dele  simulando situação de escravidão. No dia 15 de fevereiro de 2022, o médico, dono da fazenda Jatobá, chamou a vítima, que ganhava um salário mínimo, para ver alguns apetrechos que estavam na igreja da fazenda.

Ao chegar, o profissional da saúde colocou correntes no pescoço, nas mãos e nos pés da vítima e começou a gravar toda a cena com o celular.

Nas imagens registradas, é possível ver o funcionário algemado enquanto o médico afirma que o jovem ficaria “em sua senzala” por não querer estudar. O vídeo foi postado nas redes sociais pelo próprio acusado.

No mesmo dia, já surgiram os primeiros comentários pedindo para que ele retirasse o vídeo do ar. No entanto, Márcio Antônio disse que não seria possível e gravou um segundo vídeo.

O caso ganhou repercussão nacional e internacional e a gargalheira, par de grilhões para mãos e par de grilhões para os pés foram apreendidos no local. Na época, o acusado teve R$ 2,1 milhões bloqueados pela Justiça, assim como sete imóveis, sendo três urbanos e quatro rurais.

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