Mais 6 detentos fogem de complexo onde estava Fito, líder de facção no Equador

Ao menos dois dos detentos que fugiram na sexta foram encontrados, segundo informou a polícia de Guayaquil no X

Folhapress Folhapress -
Equador vive estado de ‘conflito interno armado’. (Foto: Captura/YouTube)

A cidade portuária de Guayaquil, palco do narcotráfico no Equador e epicentro do escalar da crise de segurança que se aproxima de completar uma semana, subiu o estado de alerta após a fuga de ao menos seis detentos da prisão na noite desta sexta-feira (12).

A gravidade do episódio cresce pelo fato de o complexo penitenciário do qual fugiram ser dominado pela facção Los Choneros, que está na origem do atual estado de exceção sob o qual vive o país.

Foi deste complexo que no último dia 7 fugiu o líder do grupo, Fito, condenado a 34 anos de prisão por diversos crimes, entre eles tráfico de drogas e assassinato. Ele ainda não foi encontrado, mas as pistas iniciais mostram que pode estar na vizinha Colômbia.

Fito estava preso na Penitenciária Regional, e os detentos que fugiram mais recentemente, na do Litoral, as duas no mesmo complexo.

Ao menos dois dos detentos que fugiram na sexta foram encontrados, segundo informou a polícia de Guayaquil no X. A agência AFP relatou que dois helicópteros patrulhavam a área com projetores de luz, enquanto policiais em moto patrulhavam toda a região dos arredores.

Na penitenciária do Litoral estão alguns dos líderes do narcotráfico considerados mais perigosos no Equador, país que sucumbe a essa atividade criminosa a medida que se vincula a cartéis de drogas da Colômbia e do México. Narcotraficantes usam as cadeias como centros de operação de onde conduzem suas atividades, ordenam assassinatos e conduzem as chamadas “vacunas” (vacinas), prática de extorsão contra a população civil e empresas de pequeno a grande porte.

Um vídeo gravado na prisão de Machala, no sudoeste do país, e cuja autenticidade foi confirmada pela polícia, também contribuiu para o escalar dos temores nesta sexta-feira. Nele, um cadáver de um detento envolto em um plástico é lançado na rua. Também circulam imagens de detentos sendo torturados, não confirmadas de forma independente.

A desinformação e o pânico entre a população têm provocado cenas de confusão, e autoridades trabalham para desmentir as informações, em especial nas redes sociais.

Pesa neste sentido o fato de a imprensa independente local ter sido muito enfraquecida, em especial durante a pandemia de coronavírus, restando poucos veículos de comunicação de grande porte.

Em meados de 2023, por exemplo, um dos jornais mais tradicionais do país, o El Comercio, praticamente parou de circular. Após uma greve devido ao atraso no pagamento de funcionários, o jornal ativo desde o início dos anos 1990 abandonou sua versão imprensa e deixou de produzir reportagens, publicando apenas colunas de opinião.

De 170 a 155 pessoas ainda estão sendo feitas reféns pelos grupos criminosos, a maioria sendo guardas das cadeias, além de cerca de 15 funcionários administrativos.

A ONU pediu que o governo do recém-empossado Daniel Noboa dê uma resposta proporcional ao crime levando em conta o respeito ao direito internacional e aos direitos humanos. A OEA, a Organização dos Estados Americanos, por sua vez, condenou em declaração conjunta nesta sexta-feira as ações violentas de grupos criminosos armados.

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