Vídeo da UFG causa revolta em alunos e internautas: ‘como se todo preto e indígena fosse pobre’

Logo após a repercussão negativa, perfil oficial da universidade apagou a publicação

Davi Galvão Davi Galvão -
Publicação gerou bastante polêmica entre os usuários. (Foto: Reprodução)

Recentemente, a Universidade Federal de Goiás (UFG) entrou em uma grande polêmica na internet e foi alvo de diversas críticas, por postar um vídeo de divulgação – apontado como “preconceituoso” pelos usuários.

Na filmagem em questão, o centro de ensino buscava rebater, tanto no título quanto na legenda, a afirmação de que apenas pessoas de alto poder aquisitivo adentrariam a universidade.

Para tentar comprovar tal argumento, utilizaram as imagens de diversos membros do corpo docente e discente.

Um desses exemplos foi a estudante Jordana Viana, que cursa o 8° período do curso de jornalismo e que, em entrevista ao Portal 6, destacou não ter se sentido confortável com a exposição.

“Foi como se tivessem feito um estereótipo de todo mundo […] não é certo colocarem todo mundo na mesma caixinha, como se tivesse falando ‘nossa, olha lá os pobres’, sabe?” afirmou.

A percepção da comunidade acadêmica também entrou em acordo com o que foi dito por Jordana. Apesar de o vídeo original ter sido excluído do perfil oficial da UFG, o material voltou a ser publicado no X – antigo Twitter – gerando muita repercussão.

Um dos principais pontos levantados pelos internautas foi o fato de que uma grande parcela das personagens do vídeo eram indígenas e da comunidade negra – dando a entender que seriam eles os exemplos de pessoas de baixa renda.

“É impressão minha ou chamaram pessoas indígenas de pobres na cara dura?”, indagou um usuário. “Como assim só tem rico??? Olha o tanto de preto e indígena que tem por aqui”, ironizou outra.

O que diz a UFG

Em resposta à solicitação do Portal 6, a UFG afirmou que o intuito da postagem era destacar a inclusão e desmistificar uma antiga ideia de que só há estudantes de alta renda na instituição.

Além disso, deixou claro que o conteúdo foi retirado logo depois da publicação, constatado que a mensagem não foi bem recebida pelos usuários.

Confira a nota na íntegra:

A Universidade Federal de Goiás (UFG) se orgulha de ser uma instituição de ensino superior (IES) inclusiva e que trabalha para abrir cada vez mais espaço a fim de proporcionar uma ampla representação da diversidade e condição sócio-econômica brasileira. A V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais, realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2019, revelou que 75,5% do corpo discente é composto por estudantes que possuem renda mensal familiar per capita de até 1,5 salários mínimos. Ou seja, três quartos dos graduandos.

De acordo com o Relatório Integrado de Gestão de 2022, a UFG contava, nesse ano, com 19.644 estudantes matriculados na graduação. Desses, 5.337 são alunos beneficiados em 11 modalidades de bolsas de assistência estudantil.

A Lei de Cotas para o Ensino Superior (Lei nº 12.711/2012) foi sancionada em 2012, mas desde 2008 a Universidade tem o UFGInclui, iniciativa para ampliar o acesso ao ensino superior de indígenas e quilombolas, além de pessoas surdas. Mais recentemente, em 2022, foi instituída a Secretaria de Inclusão (SIN) da UFG, responsável pelo desenvolvimento, fortalecimento e concretização de políticas de inclusão para a comunidade acadêmica.

A partir da SIN são trabalhadas na Instituição questões como o reconhecimento das diferenças e da diversidade, inclusão das minorias e promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento.

A Secom UFG lamenta o ocorrido e informa que o intuito da postagem era justamente o de destacar a inclusão e desmistificar uma antiga ideia de que só há estudantes de alta renda na Instituição. O conteúdo foi retirado logo depois da publicação, constatado que a mensagem não foi bem recebida pelos usuários.

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