Doenças sexualmente transmissíveis estão aumentando em público específico em Goiás

Infectologista aponta que, além de ser um tabu, grupo exige atendimentos mais especializados

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Subnotificação é presente (Foto: Divulgação/ SMS)

Mais de 24 mil mulheres goianas apresentam uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). De acordo com o infectologista, embora o cenário não seja assustador, aponta para uma tendência de cada vez mais casos.

“Quando a gente olha o que está acontecendo não só em Goiás, mas no mundo todo, tem aumentado os diagnósticos de ISTs, talvez até pela facilidade de diagnóstico. Tem uma tendência, principalmente com sífilis e HIV, que têm crescido”, disse ao Portal 6.

Sendo assim, o maior grupo de risco, atualmente, é o de pessoas entre 15 e 30 anos, com vida sexual mais ativa. No entanto, há uma tendência de aumento de casos, também, entre mulheres mais velhas.

Isso porque, segundo Marcelo, a partir dos 50 anos, é comum retomar a vida sexual. “As pessoas estão mais solteiras e viúvas. As atividades sociais e culturais que existem, além do uso de medicamentos, trazem a pessoa de volta à atividade sexual”. Com isso, as taxas de infecção sobem.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), 3.901 mulheres foram registradas como portadoras de HIV, enquanto sífilis atinge 16.016 pacientes. Goiás, além de já marcar uma década de aumento de casos e ter atingido taxas históricas em 2023, ainda assim, os números não representam a realidade do estado, conforme o médico.

“Quando a gente pensa em uma população marginalizada, a subnotificação é bem frequente”, destacou, exemplificando o caso de garotas de programa. “A subnotificação é bem clara, porque buscam locais alternativos para tratar porque o acesso a qualquer sistema de saúde é dificultado”.

O problema persiste nos demais grupos sociais, também por estigma e dificuldades impostas ao gênero. “A gente percebe que IST é um tabu. As mulheres têm vergonha de falar sobre isso. O acesso a unidades específicas, por ser mais difícil, impede não só o diagnóstico como também o tratamento”.

Enquanto médicos em unidades de saúde conseguem manejar consultas com homens, mulheres precisam de exames mais específicos, como exame de mama e preventivos, assim como acesso a anticoncepcionais, o que é um grave gargalo para o diagnóstico e tratamento feminino.

“Tudo isso colabora. Precisamos fazer a educação continuada. Mas não é só informação, tem que ter acesso à estrutura”, reforçou o infectologista.

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