Crises nas redes municipais de educação se alastram sem possibilidade de melhora a curto prazo, diz Bia de Lima

Ao Portal 6, deputada estadual apontou que problemas têm origem na má gestão dos recursos atuais

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Reprodução)

Cidades goianas enfrentam uma crise que tem deixado crianças e até adolescentes sem acesso a um direito básico: a educação. Cenário este que não mostra possibilidade de melhora a curto prazo, apontou ao Portal 6 a presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bia de Lima (PT).

Conforme determinação do Plano Nacional de Educação (PNE), o ano de 2024 deveria ser marcado pela universalização das vagas na pré-escola, entre os 04 e 05 anos, assim como em todo o ensino fundamental.

Contudo, a realidade atual é de filas de espera intermináveis em diferentes níveis de formação. “Estamos longe, muito longe disso”, apontou a deputada estadual. “A falta de vagas atinge as creches, o fundamental, o ensino médio, tudo”.

Segundo Bia de Lima, as prefeituras de municípios goianos têm apresentado dificuldades para aplicar os recursos da educação na construção de CMEI’s, em grande parte devido à falta de investimentos necessários do Governo Federal, durante a gestão de Jair Bolsonaro (2019 até 2022).

A ausência de centros de ensino, por sua vez, inicia um efeito cíclico de redução de recursos, já que, segundo a deputada, o município recebe apoio proporcionalmente à quantidade de alunos matriculados.

Porém, a parlamentar aponta que o problema não se resume à falta de recurso federal na atualidade, mas também a má gestão. “Tem recaído nas costas das prefeituras uma carga de investimentos muito grande”, destacou.

Em setembro de 2023, por exemplo, a União confirmou o repasse de R$ 103 milhões para a retomada e conclusão de 120 escolas públicas em 77 municípios goianos.

“Mas não é só repassar recursos. É ter o zelo de aplicar corretamente, sem desviar, sem trambicar. Infelizmente, temos situações de denúncias de toda ordem, principalmente de desvio de recurso”, afirmou a representante.

Para além da falta de vagas, diversas outras situações já foram relatadas em diferentes cidades, a exemplo de Goiânia, onde houve o registro de crianças dormindo no chão de um CMEI por conta da ausência de colchões. “Olha o tamanho de Goiânia, olha o orçamento, é inadmissível isso”, destacou Bia.

“O que eu vejo é que estamos patinando com os recursos do poder público. A saúde não vai bem, nem a mobilidade ou a educação. O que esta acontecendo? Para onde está indo?”, questionou.

Futuro da educação

No próximo dia 28 de janeiro terá início a Conferência Nacional de Educação 2024, com o tema “Gestão democrática e educação de qualidade: regulamentação, monitoramento, avaliação, órgãos e mecanismos de controle e participação social nos processos e espaços de decisão”.

De acordo com Bia de Lima, esta será a hora de avaliar o que foi realizado nos últimos 10 anos e estabelecer as metas da próxima década. Com isso, segundo a parlamentar, é possível que a demanda por vagas e maiores investimentos seja suprida, mas somente nos próximos anos.

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