Obra de ficção, diz advogado de Jair Renan sobre apuração da Polícia Federal

À Folha de S.Paulo Gonzaga também afirmou que a apuração é "narrativa que não tem pé nem cabeça"

Folhapress Folhapress -
Jair Renan Bolsonaro (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e advogado de Jair Renan chamou de “obra de ficção” a investigação da Polícia Federal que apura o uso da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para, entre outros pontos, beneficiar o filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

À Folha de S.Paulo Gonzaga também afirmou que a apuração é “narrativa que não tem pé nem cabeça”.

“[Jair Renan] não tem nada para esconder que precise de atuação de quem quer que seja, sobretudo de forma ilegal”, disse Gonzaga.
A declaração se deu depois que a PF cumpriu nesta quinta-feira (25) mandados de busca e apreensão de policiais supostamente envolvidos em um esquema que usou o software espião FirstMile para monitorar desafetos do ex-presidente.

A ferramenta teria sido usada no CIN (Centro de Inteligência Nacional), estrutura criada na Abin durante a gestão Bolsonaro (2019-2022) e chamada de “Abin paralela”.

Segundo apurou a PF, a agência teria tentado atrapalhar investigações envolvendo Jair Renan e empresas que tinham ou tentavam contratos com o governo federal.

Agentes da organização também teriam coletado informações para evitar “riscos à imagem” de Bolsonaro.

Um policial, de acordo com a apuração da PF, seguiu um dos alvos da investigação, que registrou o ocorrido junto à Polícia Militar. O policial do caso foi ouvido pela PF e confessou que levantava informações e trabalhava diretamente com Alexandre Ramagem, diretor da Abin na época.

A Abin é um órgão que tem como objetivo fornecer informações estratégicas à Presidência e ministros para a tomada de decisões. Ela deve ser apartidária e apolítica, além de não conduzir investigações criminais.

“Não foi comprado o equipamento na época do [ex-]presidente Bolsonaro. O que eu estou vendo é especulação política sobre essa questão”, afirmou Admar Gonzaga, advogado de Jair Renan à Folha de S.Paulo.

Gonzaga faz referência ao FirstMile, o software que teria sido usado ilegalmente para monitorar desafetos do ex-presidente.

A ferramenta foi comprada no governo de Michel Temer por R$ 5,7 milhões. O uso ilegal do software, entretanto, teria ocorrido durante a gestão Bolsonaro, segundo investigações da PF.

Além de Jair Renan, o hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho 01 do ex-presidente, também teria sido beneficiado pela Abin.

Neste caso, a agência teria levantado informações contra auditores da Receita Federal para beneficiar Flávio em investigações envolvendo um suposto esquema de rachadinha em seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) à época.

O objetivo seria encontrar irregularidades na receita para anular a apuração. Agentes da Abin teriam feito um relatório para indicar a melhor conduta que Flávio deveria adotar para se livrar das investigações.

Flávio Bolsonaro negou em nota que a agência tenha sido usá-lo em seu benefício. “Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro” , afirmou.

Deflagrada na quinta, a Vigilância Aproximada é uma continuação da Operação Última Milha, iniciada em outubro de 2023 para investigar o uso ilegal do software espião na Abin.

A operação desta quinta-feira teve como alvo sete policiais federais. O ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem foi um dos alvos da busca. Também na quinta, ele negou o uso irregular do software durante a sua gestão em entrevista à GloboNews.

“Nenhum plano de operação, em três anos de Abin, assinado por mim, colocava a utilização do FirstMile [como um pedido]”, afirmou.

A PF investiga se, além de ter monitorado a geolocalização, a agência produziu relatórios sobre ministros do STF, como Gilmar Mendes, e opositores de Bolsonaro.

O atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), então governador do Ceará, e a promotora responsável pela apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) também teriam sido monitorados ilegalmente.

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